A intervenção russa na guerra civil na Síria não é nada de novo, mas agora tem dados novos – e relevantes. O Ministério da Defesa russo divulgou esta semana um vídeo oficial em que esclarece o número real de soldados russos a participarem no conflito. Pelo menos 63 mil soldados russos participaram ativamente no conflito desde 2015, ano em que o presidente russo Vladimir Putin começou a apoiar o regime de Bashar al-Assad com forças no terreno. Destes, 434 generais lideraram os soldados no campo de batalha contra os rebeldes do Exército Livre da Síria, militantes jihadistas de vários grupos e Estado Islâmico.
O Ministério da Defesa russo não costuma revelar o número de militares nos vários teatros de operações, mas já abriu exceções no passado. Em dezembro de 2017, o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, já tinha declarado que “mais de 48 mil soldados do exército russos tinham ganho inestimável experiência militar na Síria”. Depois, afirmou que iria comunicar ao presidente russo a retirada da maior parte das tropas russas no país, mas o número não parou de aumentar nos oito meses seguintes.
O ministério anunciou ainda que a Força Aérea russa realizou 39 mil missões aéreas, destruindo 121 466 “alvos terroristas” e matando mais de 86 mil “militantes” jihadistas. Todavia, não referiu quaisquer baixas civis ou de militares russos no conflito. Por seu lado, o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, sediado em Londres, Reino Unido, afirma que os bombardeamentos russos causaram até ao momento 7 928 baixas civis, enquanto 10 069 combatentes opositores a Al-Assad foram mortos.
Também investigadores das Nações Unidas têm garantido ao longo dos últimos três anos que as forças aéreas síria e russa têm frequentemente bombardeado hospitais, escolas e zonas de ajuda humanitária internacional, ignorando a lei internacional. Tanto os governos sírio e russo negam as acusações.
A Rússia não deixou de usar o conflito para testar novo armamento. Pelo menos 231 tipos de armamentos foram testados no terreno, incluindo de aviação, sistema antimísseis e mísseis cruzeiro, não esquecendo táticas de infantaria.
A intervenção russa na guerra civil síria mostrou ser um factor fundamental na mudança da relação de forças na guerra civil. Com o apoio russo veio também o apoio do Hezbollah líbanês e de militares da Guarda Revolucionária iraniana, conseguindo reconquistar território anteriormente ganho pelo Exército Livre da Síria, grupos jihadistas diversos e pelo Estado Islâmico.