O secretário-geral do PSD, José Silvano, tentou ontem emendar a mão no tom das palavras sobre gastos das anteriores direções. Depois de ter respondido no Facebook que o partido tinha de pagar dívidas com cerca de dez anos a fornecedores, o dirigente começou por explicar ao SOL que a questão «não é se se gastou muito ou pouco». No caso da festa do Pontal, orçada em 2017 em 79 mil euros, Silvano frisou que «cada um tem as suas prioridades. Nós é que achamos que a festa do Pontal tem de ser noutros moldes e noutra forma. Nas autárquicas há sempre dívidas de fornecedores. Ainda há existem dívidas de autárquicas. de 2009, 2013, 2017».
Sobre o facto de o PSD já não contar com a colaboração de André Gustavo, que foi responsável por parte da estratégia do partido durante o consulado de Passos Coelho, José Silvano assegura que quando a direção chegou ao poder «o contrato já tinha acabado». Mas o dirigente não soube explicar se o partido ainda deve algum valor ao responsável pela ideia de os governantes do anterior Executivo usarem um pin com a bandeira nacional. No entanto, nas contas de 2017 do PSD, publicadas no Tribunal Constitucional, ainda se encontram diversos pagamentos a André Gustavo – que, recorde-se, acabou por ser envolvido no processo Lava Jato.
Sobre as críticas que fez no Facebook aos gastos do passado, Silvano também recebeu críticas e sinais de mal-estar. Luís Cirilo Carvalho, antigo dirigente do partido queixou-se da «obsessão» da atual direção em atacar o trabalho da anterior direção de Passos Coelho. A contestação resultou também da troca de críticas nas redes sociais, com o secretário-geral dos sociais-democratas a ripostar contra quem chamou a atual direção de «seita do mal». «A maioria dos militantes em eleições diretas votaram nesta seita do mal», atirou o dirigente.
Agora, o secretário-geral do PSD já não responde aos ataques e sustenta que «se gastou o que se entendeu gastar» no passado. Assim, diz, «a prioridade é pagar as dívidas que ainda existem a fornecedoras». Entretanto, o PSD prepara-se também para entregar uma proposta de alteração à lei de financiamento dos partidos. O objetivo é acautelar que todas as despesas sejam autorizadas e tenham um responsável atribuído, segundo o Correio da Manhã.