As temperaturas elevadas que se fizeram sentir no início de agosto trouxeram consequências para a produção de pera-rocha. Hoje, no dia em que a colheita arrancou para a maioria dos produtores, a Associação Nacional dos Produtores de Pera-Rocha (ANP) veio apontar quebras entre 15 e 25 %, prevendo que a produção deste ano venha a totalizar entre 180 e 190 mil toneladas – quando na colheita anterior se chegou às 210 mil toneladas.
À “Lusa”, o presidente da associação, Domingos dos Santos, disse que a ANP previu inicialmente uma “quebra de 9 % em relação à colheita anterior, mas com o escaldão dos dias 3 e 4 de Agosto prevê-se [agora] uma quebra de 15 a 25%”. Em causa está o facto de o calor ter queimado “a fruta que estava mais exposta ao sol”, que “ficou logo incapaz de ser comercializada”, a par de o “choque de calor” ter criado “um choque térmico tão elevado que veio atrasar o crescimento da fruta”.
Dificuldades de contratação
Além da quebra na produção, o setor enfrenta também dificuldades relacionadas com a contratação de mão-de-obra sazonal. O problema, aponta a mesma associação, deve-se ao atraso no início da campanha, que ocorreu mais próximo do fim das férias dos estudantes, mas também à “carga burocrática” que existe associada à atividade, lamentou Domingos dos Santos. Por isso, como solução, os produtores acabam por apostar na contratação de mão de obra estrangeira.
“Como a colheita dos frutos vermelhos foi na primavera, alguns desses trabalhadores vêm para a pera-rocha e para as vindimas. Temos trabalhadores africanos e asiáticos, nomeadamente da Tailândia, Bangladesh, Nepal e da antiga Birmânia (Myanmar)”, acrescentou o presidente à “Lusa”. Mas também assim encontram dificuldades, uma vez que o processo no SEF se prolonga por seis ou sete meses. “Como é que eu vou em fevereiro contratar pessoas quando nem sequer as árvores têm folhas, nem flores e não sei qual vai ser a minha produção?”, concluiu o responsável.