A Festa do Avante! recusou o livro de Luaty Beirão, 'Sou Eu Mais Livre, Então – Diário de um Preso Político Angolano', argumentando “de que isso incomodaria os camaradas do MPLA”, disse a representante da editora Tinta da China, no Facebook.
Esta segunda-feira, o ativista reagiu à notícia e, em declarações à agência Lusa, referiu que o “Partido Comunista Português ainda vive no passado".
A responsável da editora Tinta da China, Bárbara Bulhosa, diz que o livro de Luaty Beirão foi o único que não foi escolhido da lista dos livros que vão levar para a feira, afirmando que “É uma tristeza verificar que para o PCP os presos políticos continuam a ter nacionalidade, e que os que interessam são só os nossos durante o Estado Novo”.
Luaty Beirão, à Lusa, afirma que o PCP "faz tudo o que pode para não comprometer o MPLA [Movimento Popular de Libertação de Angola] ", acabando por se tornar "coerente dentro da incoerência".
O ativista e músico criticou o partido de "ainda pensarem que estão em 1917", sendo que este foi o ano da revolução russa, e que o MPLA "já nada tem a ver com o marxismo-leninismo", uma vez que “agora está mais próximo do neocapitalismo, e o PCP ainda mantém uma postura contra quem quer pôr tudo em causa [em Angola]. Tudo o que possa comprometer o MPLA é posto de lado", diz.
"É tudo uma grande confusão. A prioridade são as boas relações com o MPLA. É triste", acrescentou.
Na edição do SOL deste fim de semana, tanto o PCP como Luaty Beirão já tinham comentado a situação, tendo o PCP respondido e atribuído as escolhas da Festa do Livro à editora Página a Página, sendo “natural” que esta editora “observe critérios seus de qualidade e seriedade”. Mas acrescentou: “O PCP rejeita assim operações difamatórias vindas de quem sem crédito se move pelo preconceito e o mais primário anticomunismo”.
Luaty Beirão deixou apenas um breve comentário: “Desejo felicidades ao PCP e que sejam capazes de adaptar as suas convicções aos tempos, que estão em permanente mutação, ainda que muita coisa se mantenha na mesma”.