Marcelo Rebelo de Sousa pronunciou-se esta segunda-feira sobre as suspeitas de fraude na reconstrução de casas afetadas pelo incêndio em Pedrógão Grande. O Presidente da República referiu que espera que a situação fique esclarecida até ao final do ano.
“É bom estar uma investigação criminal em curso, se necessário a Inspeção Geral das Finanças, uma vez que lhe pertence também o acompanhamento do fundo Revita e, sobretudo, que não se demore muito tempo”, referiu o Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações aos jornalistas, antes de ir visitar a praia fluvial da Louçainha, em Penela, Coimbra. O governante espera ainda que “se entre no próximo ano com isto esclarecido”.
“Não pode haver dúvidas quanto à utilização do dinheiro dos portugueses. Os portugueses dão, são generosos. Não tenho dúvidas que serão sempre generosos, mas não podem ficar com dúvidas”, sublinhou.
Caso haja dúvidas “quanto à lisura do comportamento”, é necessário haver uma “investigação profunda”, completou chefe de Estado.
Marcelo Rebelo de Sousa alertou ainda para o facto de muitos responsáveis terem apreciado todos os processos feitos, mas avisou que os portugueses quererem respostas e estas devem ser rápidas. “Espero que não sejam respostas para daqui a muitos anos”, acrescentou.
Inquérito ainda sem arguidos
O Ministério Público (MP) ainda não constituiu arguidos, na sequência do inquérito, aberto há um mês, que está a investigar as suspeitas de fraude na reconstrução das casas que foram destruídas pelo incêndio que deflagrou no ano passado em Pedrógão Grande. A informação foi confirmada por uma fonte oficial ao jornal “SOL” desta semana.
A mesma fonte disse ainda ao “SOL” que a Provedora de Justiça decidiu fazer o “acompanhamento integrado de problemas, já identificados ou que venham a ser conhecidos, relacionados com a reconstrução das áreas afetadas pelos incêndios e com o apoio às populações”.
Já o conselho que faz a gestão do fundo Revita – entidade responsável pelo dinheiro angariado com o objetivo de dar apoio às pessoas afetadas pelas chamas – disse que já pediu “à comissão técnica a avaliação e informação” um “cabal esclarecimento” sobre as situações denunciadas.
Recorde-se que as irregularidades, associadas à reconstrução de casas afetadas pelo incêndio de Pedrógão Grande – que destruiu no total 265 casas de primeira habitação –, foram dadas a conhecer inicialmente, em julho, pela revista Visão. Na semana passada, a jornalista Ana Leal, da “TVI”, realizou uma reportagem que denuncia o favorecimento a familiares e amigos de autarcas locais.