Esta terça-feira, a BBC noticia, com apoio dos testemunhos dos Médicos sem Fronteiras , as condições dos campos de refugiados na ilha de Lesbos, na Grécia. No campo Moria as condições são extremas: violência, sobrelotação, falta de saneamento e agora há crianças a tentar o suicídio.
De acordo com os Médicos Sem Fronteiras ao canal inglês, há 70 pessoas por casa de banho e o cheiro a esgoto é intenso. Algumas pessoas vivem em caravanas, outras em tendas – estas dão abrigo a 17 pessoas. A violência é extrema: brigas, casos de violações e de assédio sexual marcam a atualidade do campo.
A BBC esteve no local e falou com algumas famílias. Uma delas era a família de uma refugiada do Afeganistão, Sara Khan.
“A violência que aqui existe significa que os nossos filhos não conseguem dormir à noite”, afirmou Sara Khan, explicando à BBC que os dias são passados à espera de comida e as noites a fugir da violência.
Um refugiado, que saiu do campo, chegou a contar à BBC que este cenário era ainda pior que a guerra da Síria.
Os repórteres da BBC chegaram a assistir a brigas por comida nas filas das refeições, onde duas pessoas foram esfaqueadas.
Neste momento, mais de 8.000 pessoas estão no campo da ilha de Lesbos, que supostamente deveria abrigar 2.000 pessoas.
"Temos crianças de 10 anos que tentam suicidar-se e não existe nenhum psicólogo ou psiquiatra nesta ilha. Apesar de tentarmos transferir estas crianças para Atenas, o mais depressa possível, isso não está a acontecer. Estas crianças continuam aqui", conta o coordenador dos Médicos sem Fronteiras, Luca Fontana.
As crianças sofrem principalmente de múltiplas doenças da pele, devido às pragas de pulgas por exemplo, e infeções respiratórias, para além da falta de saúde mental.
As Nações Unidas já foram informadas sobre a situação, tal como o Ministério da Saúde Grego. Este último responde à BBC, afirmando que: "Nós não conseguimos lidar com isto. A situação na Grécia é conhecida. Quero ajudar, mas não posso fazer nada porque a União Europeia fechou as fronteiras".