Um fim de semana, dois títulos de campeão do mundo. Poucos são os desportistas que se podem gabar de tal pecúlio e o mais recente fala português: Fernando Pimenta. Tricampeão europeu em K1 1000 metros, o canoísta português perseguia há vários anos o título mundial na categoria – somava um terceiro lugar em 2015 e um segundo em 2017. Alcançou o tão desejado ouro no passado sábado, nos campeonatos que decorreram em Montemor-o-Velho, e não escondeu a emoção após o término da prova. «É o dia mais feliz da minha vida. É um grande momento, ainda nem consigo acreditar… perante os meus amigos, a minha família e os meus patrocinadores», afirmou depois da regata, que completou em 3.27,666 minutos, batendo por 725 milésimos de segundo o alemão Max Rendschmidt. «Obrigado a todos, esta vitória é dedicada a todos vocês. À minha família e aos amigos, principalmente aos que deram o corpo às balas nos momentos mais difíceis da minha carreira. Amanhã há mais, agora vou descansar», completou no discurso de agradecimento.
E, de facto, no dia seguinte havia mais. À sua espera estava a prova de K1 5000 metros, onde Fernando Pimenta havia vencido o ouro em 2017. Mais uma vez, o atleta de Ponte de Lima não defraudou ninguém: revalidou o título mundial, concluindo a prova com o tempo de 21.42,196 minutos (bateu o dinamarquês René Poulsen por 1,527 segundos) e terminou assim coberto a ouro (literalmente) um «fim de semana indescritível». «No ano passado consegui uma coisa histórica, que foi conquistar a medalha de prata no K1 1000 metros, e este ano, depois de me dizerem que era praticamente impossível conquistar o ouro, consegui fazer uma missão impossível e superar isso», realçou, emocionado, o nome maior da canoagem em Portugal.
Um museu (quase) em nome próprio
O currículo de Fernando Pimenta já era digno dos maiores aplausos antes deste duplo triunfo; agora, então, é absolutamente impressionante. Nele consta, por exemplo, também uma medalha olímpica, conquistada em 2012 ao lado de Emanuel Silva em K2 1000 metros.
A glória total (e individual) nos Jogos Olímpicos é, de facto, o grande objetivo que ainda falta atingir ao canoísta que em março trocou o Clube Náutico de Ponte de Lima pelo Benfica. E o próprio não o esconde. «O sonho é esse. Primeiro é preciso ter o sonho; depois, é preciso trabalhar para se concretizar. O primeiro passo é o apuramento olímpico, depois é que se pode continuar a sonhar com mais certezas de se poder estar na luta», realçou na homenagem que lhe foi prestada na sua terra natal – onde o sucesso de Pimenta se sente de tal modo que a autarquia contempla já a criação de um museu dedicado à canoagem. «Temos o melhor clube de Portugal, o melhor treinador [Hélio Lucas, treinador de Fernando Pimenta] e o melhor atleta», salientou o presidente da câmara municipal da localidade limiana, Vítor Mendes, com o atleta a mostrar-se disposto para «colecionar mais algum espólio» para o espaço. Que poderá, acredita ele – e todo o país com ele – chegar nos Jogos de 2020, em Tóquio, Japão.
Para já, como diz e bem o canoísta, é preciso conseguir a qualificação para o evento que decorrerá no país do sol nascente. Ultrapassada essa barreira, Fernando Pimenta almejará às medalhas em K1 1000 metros, onde terminou em quinto lugar no Rio de Janeiro, em 2016. A distância de K1 5000 metros, onde é bicampeão mundial, não integra o programa dos Jogos Olímpicos.
Além da medalha de prata em 2012 e do quinto lugar em 2016, o atleta encarnado terminou ainda em sexto no Rio de Janeiro na final de K4 1000 metros, integrando uma equipa composta ainda por Emanuel Silva, João Ribeiro e David Fernandes. Soma ainda um ouro europeu nessa categoria em 2011 e outro em K1 5000 metros em 2016. J