Dois jornalistas da agência de notícias Reuters foram esta segunda-feira condenados a sete anos de prisão por "violação do segredo de Estado". Segundo o tribunal, em causa está a forma ilegal como obtiveram documentos oficiais do Governo durante uma investigação que estavam a fazer sobre “limpeza étnica” da minoria rohingya.
Os dois jornalistas de nacionalidade birmanesa – Wa Lone, de 31 anos, e Kyaw Soe Oo, de 27 anos – estavam detidos desde dezembro de 2017 por obtenção de “documentos secretos importantes” de dois polícias, de acordo com a agência AR.
Segundo a agência, os dois jornalistas citavam aldeões budistas que terão compactuado com soldados birmaneses, durante o massacre de Inn Dinn, a 2 de setembro de 2017, que levou à morte de 10 pessoas da etnia rohingya.
A ONU e a Repórteres Sem Fronteiras (RSF) já se pronunciaram sobre o caso. Num comunicado à AFP, a ONU garantiu que continuam “a pedir a sua libertação” dos dois jornalistas.
Já a RSF, considerou que este dia "é um dia negro para a liberdade de imprensa na Birmânia", visto que "o único crime (dos jornalistas) foi fazerem o seu trabalho". A entidade afirma ainda, em comunicado, que este caso "coloca em causa o processo de transição democrática na Birmânia" e defende que "durante as audiências preliminares, um agente da polícia confessou que os seus superiores criaram um ardil para entregar documentos supostamente confidenciais aos dois jornalistas e depois prendê-los".
A organização dirigiu-se diretamente à secretária-geral do partido Liga Nacional pela Democracia – e chegou a ser distinguida com o Nobel da Paz – Aung San Suu Kyi, para pedir a libertação dos dois jornalistas.
No que toca a liberdade de imprensa, de acordo com o ranking da RSF, a Birmânia ocupa o 137º lugar em 180 países que fazem parte da lista.