Esta terça-feira, o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, e o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, assinaram um protocolo de colaboração que pretende apoiar a decisão clínica, a formação profissional contínua e a literacia em saúde.
O protocolo, assinado esta manhã, visa disponibilizar online e de forma gratuita, informações cientificamente comprovadas a nível internacional com o objetivo de ajudar todos os portugueses – incluindo médicos e enfermeiros – a esclarecer dúvidas, para que a decisão clínica seja baseada na melhor evidência possível.
Esta plataforma é “para todos os cidadãos”, começou por explicar o bastonário. Vai permitir que os “cidadãos tenham mais informação sobre saúde” e essa “informação é validada cientificamente”, completou.
O ministro, antes de assinar o protocolo, disse que a plataforma irá “facilitar a vida dos médicos”, permitindo assim um “diálogo mais seguro com os doentes”. A medida é a “luta entre os médicos e o doutor google”, disse o governante.
A iniciativa foi impulsionada pelo médico António Vaz Carneiro – que tem dedicado toda a sua vida à investigação. A ideia foi aceite pelo bastonário da Ordem que procurou uma parceria com o governo. “Nós entendemos que era uma oportunidade (…). Acima de tudo darmos um passo importante na batalha do conhecimento contra a ignorância, daquilo que é a realidade científica contra a informação desvirtuada (…) que são um perigo para a saúde pública, são um perigo para a comunidade”, disse Adalberto Campos Fernandes, aos jornalistas.
O governante referiu ainda que os portugueses têm direito a estarem mais bem informados e a terem “um acesso a um conhecimento de maior qualidade”.
“É uma ideia original, é uma ideia que honrará o país e que trará do ponto de vista internacional aquilo que é talvez uma das relações historicamente mais importantes naquilo que é o evoluir da sociedade, que é a relação entre o médico e o doente”, adiantou o ministro.
Questionado sobre o facto de esta plataforma poder afastar os utentes dos hospitais, o ministro da Saúde rejeitou essa ideia: “Não é esse o objetivo, o objetivo é termos cidadãos mais informados”.
O acesso a esta informação – que é atualizada diariamente – será da responsabilidade da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS). Quanto aos custos, Miguel Guimarães disse que o objetivo é “integrar vários contratos que já tinham nos hospitais”.
A assinatura deste protocolo foi um “momento histórico” que permite aos portugueses terem acesso a instrumentos “seguros e que oferecem garantias de qualidade em termos científicos. Isso é uma arma poderosa para combater por um lado a publicidade enganosa e muitas das coisas que fazem que não têm evidência científica”, sublinhou o bastonário.
As informações estarão disponíveis em quatro plataformas: BMJ Best Practice, Cochrane Library, DynaMed Plus e UpToDate, que apesar de internacionais terão informações traduzidas para português de forma a facilitar a compreensão, que passarão a estar disponíveis a todos os portugueses a partir de janeiro do próximo ano.