O Ministério Público de São Paulo acusou o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, dos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosas, por causa da denúncia de um empresário de que teria “recebido uma vantagem indevida” no valor de 2,6 milhões de reais (500 mil euros ao câmbio atual) durante a sua campanha para prefeito em 2012.
De forma dissimulada “ocorreu o pagamento, em parcelas” do valor referido “de forma direta em favor do PT e de forma indireta em favor do ex-prefeito da cidade de São Paulo Fernando hadda, que foi o beneficiário final dos pagamentos e quem, exercendo o cargo de prefeito, e em razão desta função, detinha domínio a respeito de fatos que poderiam resultar em benefícios de contraprestação à Empreiteira UTC Engenharia S.A.”, refere a denúncia, citada pelo Estadão.
Para Haddad, esta denúncia não tem qualquer fundamento, se não o seu valor político, numa altura em que Haddad poderá vir a ser o candidato presidencial do Partido dos Trabalhadores à presidência do Brasil, em substituição do ex-presidente Lula da Silva.
“Surpreende que, no período eleitoral, uma narrativa do empresário Ricardo Pessoa, da UTC, sem qualquer prova, fundamente três ações propostas pelo Ministério Público de São Paulo, contra o ex-prefeito e candidato a vice-presidente da República, Fernando Haddad”, referiu a assessoria do político.
A denúncia do empresário não é nova, já antes tinha sido apresentada e com os mesmos contornos e a assessoria de Haddad sublinha que a seu tempo contestou com documentos que mostram que “todo o material gráfico produzido em sua campanha foi declarado e que não havia razão para receber qualquer recurso não declarado da UTC”.
Haddad, afirmou no dia 28 de agosto, em conferência de imprensa, que Ricardo Pessoa, em cuja denúncia se baseiam as acusações, “é um corrupto confesso” que “já mentiu nove vezes”, referindo-se a investigações abertas e encerradas por declarações do empresário na sua delação premiada (acordo judicial de benefício de pena em troca de informação relevante para a justiça).
“No meu caso, ele tinha razão para mentir. Com 44 dias de meu governo, eu cancelei uma obra bilionária da UTC e da Odebrecht, do túnel Roberto Marinho. Cancelei porque meu secretário me trouxe informação de que essa obra estava superfaturada”, explicou.
Segundo as autoridades, em 2013, já depois de Haddad ter assumido o seu cargo na prefeitura, o então tesoureiro do PT, João Vaccari Neto (o terceiro denunciado) teria pedido a Ricardo Pessoa dinheiro para pagar dívidas da campanha do PT em São Paulo.
Como explica a assessoria de Haddad, “é notório que o empresário já teve sua delação rejeitada em quase uma dezena de casos e que ele conta suas histórias de acordo com seus interesses”. E Haddad perguntava no final de agosto: “O que está por trás disso a 45 dias da eleição?”