Foi através de uma carta anónima que o parlamento recebeu uma na semana passada uma nova denúncia sobre a transferência de material de guerra para os paióis de Tancos. Os deputados da comissão de Defesa Nacional receberam a denúncia mesmo perto da audição de Azeredo Lopes, nessa comissão, na passada quarta-feira.
De acordo com a informação presente na carta, o material terá sido transferido 15 meses depois do assalto e quase um ano depois da ordem de desativação do espaço avançada pelo Chefe do Estado-Maior do Exército.
Entre os nove pontos escritos na carta que defende a “descoberta da verdade”, o ponto mas importante do documento relata a “transladação” dos explosivos, munições e projéteis para os paióis de Tancos, no início deste verão.
“No dia 7 de julho (sexta-feira à tarde), mais de uma tonelada de material pirotécnico foram transportados [sic] do Regimento de Engenharia 1 (RE1) para os Paióis Nacionais de Tancos”, cita o Observador que teve acesso ao documento. Segundo o relato, os materiais “estavam no RE1 de forma ilícita, com o conhecimento do comando da unidade”. “Tal qualidade e quantidade de material só poderia e deveria estar num sítio: armazenada em segurança nos PNT”, acrescenta o autor da carta anónima.
A carta que foi entregue ao deputado do PSD Marco António costa, presidente da comissão de Defesa Nacional, foi distribuída pelos deputados e vai ser enviada para a Procuradoria-geral da República para que possa ser anexada ao inquérito do roubo em Tancos. No entanto, até agora o documento ainda não foi analisado pelas autoridades judiciais.
Na audição do ministro da Defesa, no passado dia 12 de setembro, a carta em si não foi referida, mas o Bloco de Esquerda incluiu o assunto em duas das perguntas colocadas a Azeredo Lopes.