O líder parlamentar do CDS-PP, Nuno Magalhães, explicou esta quarta-feira que a proposta de comissão de inquérito ao caso de Tancos visa "apurar responsabilidades políticas", separando-as das responsabilidades criminais, que estão sob investigação judicial.
O deputado considerou também que o caso "pôs em causa o prestígio de Portugal do ponto de vista internacional", uma vez que, o governo deu "garantias e tudo o que pareceu ser um grande sucesso de recuperação das armas, não o foi". Em causa está, não só o roubo de material de guerra como o anúncio da sua recuperação, quatro meses depois, com sinais claros de tensão entre a Polícia Judiciária e a Polícia Judiciária Militar. No final, a recuperação das armas de guerra levaram o Ministério Público a abrir outro inquérito por suspeitas de encobrimento do furto ou convivência com os suspeitos do roubo. O caso levou à detenção do diretor da Polícia Judiciária Militar.
A proposta de inquérito prevê ainda que se reflita sobre a articulação das Forças Armadas e as demais entidades de polícia criminal, além do próprio funcionamento do Ministério da Defesa Nacional.
A este propósito, Nuno Magalhães recuperou a resposta do primeiro-ministro sobre a confiança no ministro da Defesa, proferida no último debate quinzenal. O deputado considerou que António Costa cometeu um "lapso" ao afirmar que confiava no ministro da Defesa e na ministra da Justiça. O CDS não questionou a confiança na ministra da Justiça, que tutela a Polícia Judiciária. Por isso, Nuno Magalhães concluiu "que até o primeiro-ministro concordará com esse parágrafo [na proposta de inquérito]". Ou seja, também é preciso avaliar a falta de coordenação entre os diversos órgãos policiais criminal e as Forças Armadas.