O tempo estimado para que o mundo consiga evitar um aquecimento global de mais 1.5 graus Célsius é de 12 anos, ou seja até 2030, avança o relatório realizado por especialistas das Nações Unidas que foi publicado esta segunda-feira. O documento prevê serem necessárias medidas drásticas para a preservação do planeta.
O documento, apresentado pelo Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC), em Incheon, na Coreia do Sul, contém 400 páginas e surge após uma reunião entre 570 representantes de 135 países, que durou cinco dias. Este foi um documento encomendado em 2015, pela ONU, após o Acordo Climático de Paris- os países que assinaram este acordo comprometeram-se a manter o aquecimento global abaixo dos 2.0ºC, limitando-o a 1.5ºC em relação aos valores que foram registados no século XIX.
Os investigadores revelam no documento, que teve como base seis mil estudos, quais os impactos do aquecimento global com a subida de 1.5 graus, sendo que este pode ser um valor possível de atingir em 2030, ou seja, daqui a 12 anos, devido ao aumento das emissões de gases de efeito estufa.
O IPCC defende a necessidade de serem postas em práticas medidas, que visem às transformações “rápidas e sem precedentes nos sistemas de energia, transportes, construção e indústria", pode ler-se no relatório.
No relatório fala-se de uma redução do valor das emissões em 45%, para 2030. Relativamente à energia, o IPCC defende que, daqui a 12 anos, 85% da electricidade fornecida mundialmente deve ser através de energias renováveis. Com isto, o uso de carvão deve registar valores perto do zero. No relatório, é também proposto que sete milhões de quilómetros quadrados do solo sejam convertidos em campos de culturas energéticas.
As mudanças propostas pelo IPCC requerem um "investimento médio anual nos sistemas de energia a rondar os 2,4 biliões de dólares [dois biliões de euros] entre 2016 e 2035". Os investigadores afirmam ter “pouca esperança”, quanto a uma mudança de rumo para o planeta para que este não atinja valores mais altos, relativamente às temperaturas.
O aumento em 1.5 graus pode trazer consigo a extinção de espécies e a destruição total do coral, que desempenha um papel essencial no ecossistema marinho. Relativamente aos oceanos, se não forem tomadas medidas, em 2100 pode enfrentar-se uma subida do nível das águas do mar de 10 centímetros, o que terá impacto nas chuvas e nas secas, que trarão consigo ainda mais danos, nomeadamente na área do Mediterrâneo e da América Latina.