A investigação realizada nos últimos meses pela polícia belga, e que depois se arrastou a outros seis países, resultou na detenção de 22 pessoas, de um total de 28 interrogadas, que irão esta sexta-feira responder em tribunal, segundo revelou o Ministério Público da Bélgica.
A notícia surge na sequência de uma operação de combate à fraude no futebol da Bélgica, que envolveu 60 buscas domiciliárias a dirigentes, empresários, jogadores, treinadores e árbitros em sete países europeus (além da Bélgica, também em França, Luxemburgo, Chipre, Montenegro, Sérvia e Macedónia) por suspeita de branqueamento de capitais, corrupção e fraude desportiva relacionada com manipulação de resultados.
Da investigação, que tem como base um relatório da Unidade de Fraude Desportiva da Polícia Federal de 2017, resultaram agora as 22 detenções, com destaque para Ivan Leko, treinador do Club Brugge, campeão belga na última temporada. Também o influente empresário de jogadores Mogi Bayat e o ex-diretor-desportivo do Anderlecht, Herman Van Holsbeeck, estão entre os detidos, havendo pessoas ligadas ainda ao Standard de Liège, que na época passada foi orientado pelo português Ricardo Sá Pinto, e a vários outros clubes belgas como o Genk, o Kortrijk, o Malines, o Oostende, o Lokeren e o Gent. O juiz a cargo do processo ordenou ainda mandados internacionais para dois suspeitos interrogados noutros países.
Esta quinta-feira, Vincent Kompany, capitão da seleção belga, abordou o tema, classificando-o como "pouco surpreendente". "Neste momento ainda é cedo para falar em nomes, mas no futebol não nos podemos surpreender com este tipo de escândalos. O futebol está muito próximo das práticas de tráfico de pessoas, de drogas e prostituição, onde se mexe muito com dinheiro e é possível fazer transações ocultas. Não percebo porque não há maior transparência a nível internacional. Há muita especulação com o salário dos jogadores, penso que não haverá problema de conhecer o de todos", referiu o atleta do Manchester City, deixando um pedido dirigido aos agentes de jogadores: "Façamos as coisas de forma totalmente transparente para que tenhamos de pagar pelo que estamos a faturar. Os agentes são importantes para proteger os interesses do jogador ou do clube, mas não entendo porque não são transparentes."