Na aldeia global onde vivemos, os países e os povos, por boas e más razões, são conhecidos, distinguidos, ‘falados’ e respeitados, não só pela sua história e pelos seus feitos, mas muito também pelos seus heróis, pelas ‘marcas’ que construíram, em concorrência direta com os seus rivais de outros países.
A sociedade da informação, a sociedade aberta, o universo de tudo o que tem a ver com a internet e com os media e as redes sociais, ampliam num ápice os feitos ímpares desses heróis, desses ícones, dessas marcas, mas também os põem em causa e acabam por tentar fazer esquecer as suas proezas, a sua relevância para os seus países, as suas conquistas profissionais e a sua notoriedade pública.
Para além de conseguirem, utilizando alguns métodos de caráter mediático, pôr em curso ações que colocam em causa o que de extraordinário e de positivo fizeram durante quase toda a sua vida.
Acendendo meia dúzia de fósforos mediáticos nas redes sociais, suportados por fugas aos segredos de Justiça de entidades e autoridades de vários países.
Atualmente, de entre os diversos ‘casos’ que vamos conhecendo, há um que nos tem chamado particularmente a atenção: o caso de Cristiano Ronaldo, relativo a umas férias que fez há quase dez anos nos EUA.
Um caso que tem tido eco mundial, considerando a figura não só do Ronaldo futebolista e desportista, mas também da marca CR7 à escala global. Uma marca que, através dele e da sua credibilidade e atratividade, tem faturado milhões e chegado aos quatro cantos do mundo.
Na forma e no conteúdo temos vindo a assistir, em Portugal e no mundo em geral, a um tratamento mediático que amplia as acusações que uma cidadã dos EUA tem disseminado contra ele por vários media (não sejamos ingénuos), de forma cirúrgica.
Temos lido e ouvido de tudo um pouco. Que ele violou e cometeu esse crime e outros com essa cidadã americana. E que ela não foi a única a ser violada: que existem muitas outras mulheres que ele calou, comprando-as. Que Ronaldo é um violador em potência e que devia ser tratado.
Mas também temos ouvido o contrário. Que a cidadã em causa quer vingar-se e/ou aproveitar-se dele. Que há dez anos não imaginava que ele iria ser aquilo que é hoje e ter o que tem hoje: um dos homens de maior sucesso e notoriedade positiva no mundo. Uma das pessoas que mais dinheiro ganham anualmente. Etc., etc.
A violação é dos crimes mais hediondos e nojentos que existem. Quem o pratica não merece qualquer contemplação. Mas, no caso em questão, como bem disse o primeiro-ministro António Costa, «uma acusação não é uma condenação» e, «mesmo que não seja popular, devemos condenar os julgamentos populares».
De outra forma, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, referiu que «Ronaldo tem feitos notáveis por Portugal e pelos portugueses que não devemos esquecer». Já o atual treinador de futebol do Sporting Clube de Portugal, José Peseiro, comentou a propósito deste caso que «é pena que em Portugal se aceite denegrir tão rápida e facilmente gente que tem tanta coisa boa feita nas suas vidas e até pelo país».
Parece que a caça ao ‘poderoso’, ao ‘conhecido’, ao que tem mais protagonismo que o comum dos cidadãos, virou moda. Os ‘poderosos’, os que são mais ‘conhecidos’ e ‘afamados’, devem ter – pelas razões negativas e ou positivas – o tratamento que os comandos legais assim determinam. Hoje, isso é particularmente claro no caso de Cristiano Ronaldo: de um dia para o outro, a legião de invejosos, dos intermediários do regime e do politicamente correto, tudo fazem para esquecer e manchar o que ele fez de positivo. Esses ‘denegridores profissionais’ são os criadores e alimentadores de muitos climas de suspeição que sustentam populismos e tentações justicialistas, que muitas vezes estragam vidas de gente boa e que não o merece. Gente que fez muita coisa meritória nas suas vidas pessoais, profissionais e até públicas.
É também por isso que deveriam repensar muitas das suas atuações e intenções de condenações fulminantes na praça pública.
Os que ainda acreditam em algumas coisas que os media nos vão trazendo, é isso que desejam. Que o tempo mediático não seja o tempo de condenações mediáticas falsas, que ponham em causa o que foi e é Cristiano Ronaldo, dentro e fora de Portugal: um exemplo para milhões e milhões de pessoas.
Daí que apeteça pedir: «Deixem o Ronaldo em paz!». E que tudo seja discreta e rapidamente esclarecido. Em nome de muitas verdades. E não só de algumas que mais não são do que mentiras que encantam. E que têm em vista que CR7 passe do céu diretamente para o inferno.