A coordenadora do Bloco de Esquerda disse, em entrevista à Renascença e ao Público, que na próxima legislatura tem de haver um acordo escrito para legitimar a democracia e dar mais clareza às propostas de cada partido.
Catarina Martins recorda que tem sido essa a prática: "Fizemos isso em 2015 e no acordo de Lisboa. O compromisso político não é só um problema de oportunidade, de conveniência momentânea. Tem de ter como base compromissos mais vastos, compromissos com o país, como recuperar as pensões ou baixar o número de alunos por turma ou ter mais manuais gratuitos”.
"Os partidos têm de apresentar os seus programas e as pessoas têm de votar no programa em que se reconhecem. A ideia do voto útil ficou bastante destruída com as últimas eleições", acrescentou a coordenadora lembrando que a criação do acordo parlamentar mudou a lógica de que quem ganha as eleições governa.
Com um ano pela frente até ao fim da legislatura, Catarina Martins tem ainda a nova Lei de Bases da Saúde como objetivo. "Ninguém nos perdoaria se não fossemos capazes de acabar esta legislatura com uma lei de bases que proteja e salve o SNS", disse a coordenadora do BE reconhecendo que o governo está a atrasar o processo. "Foi uma das coisas que notámos na remodelação. Se esta remodelação for feita para o processo finalmente andar, é uma boa notícia."
Catarina Martins mostrou alguma surpresa na escolha de João Galamba para o secretário de Estado da Energia. "Tinha sido feito um trabalho com o BE e foram dados passos para combater rendas excessivas da EDP. É bom que a alteração da tutela não seja para recuar no caminho feito", afirmou.