O líder parlamentar do PSD, Fernando Negrão, afirmou esta quinta-feira que o partido “pondera chamar o ministro da Defesa” à respetiva comissão parlamentar, caso não sejam dadas explicações sobre as circunstâncias da demissão do Chefe do Estado-Maior do Exército, Rovisco Duarte, considerando que houve “uma dissonância de explicações”, um facto da “maior gravidade” para o PSD.
“Há uma semana vimos um primeiro-ministro a desvalorizar o caso de Tancos, praticamente como se ele não existisse”, começou por dizer o líder parlamentar social-democrata, após a reunião da bancada do partido.
Entretanto, o ministro da Defesa mudou e o Chefe de Estado-Maior do Exército demitiu-se, mas apontou razões pessoais ao Presidente da República e “circunstâncias políticas” aos militares do ramo. Razões de sobra para o PSD defender que são necessárias explicações porque não se pode “viver num ambiente de insegurança” relativamente a órgãos de soberania, com “dissonância de explicações”.
Questionado pelos jornalistas se a audição do novo ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, não colide com a futura comissão de inquérito sobre o caso de Tancos, Negrão considerou que não, porque já houve experiências do passado, como no caso do inquérito ao BES, em que foram feitas audições quase em paralelo na comissão de Orçamento e Finanças.
A reunião da bancada do PSD serviu para avaliar o Orçamento de 2019, com os deputados a pronunciarem-se sobre a proposta do PS. Ora, Negrão escudou-se na decisão interna dos órgãos “do partido” para não revelar o sentido de voto, mas defendeu que a maioria dos parlamentares sociais-democratas foi crítica do documento, sobretudo “pelo crescimento [económico] fraco e exíguo”.