Mais de 70% dos professores dão aulas em estado de exaustão

Raquel Varela diz que professores “são uma classe doente”

Um estudo sobre o desgaste na profissão docente dá conta de que mais de 70% dos professores dão aulas exaustos e que 84% desejam aposentar-se antecipadamente.

Os resultados do estudo, coordenado por Raquel Varela em parceria com a Fenprof, são debatidos esta sexta-feira em Lisboa. A conclusão defende a revisão do modelo de gestão das escolas.

Os professores "são uma classe doente. E com professores doentes teremos um país cada vez mais pobre", acredita a historiadora da Universidade Nova de Lisboa.

Cerca de 75% dos professores e educadores do ensino básico e secundário dão aulas em exaustão emocional e quase apresenta sinais preocupantes e 24% têm sinais críticos ou extremos de exaustão emocional, revela o estudo.

Os professores inquiridos sentem-se, no geral, como operários numa linha de montagem e queixam-se de falta de autonomia. Para Raquel Varela, o "modelo de gestão autoritário e o ensino padronizado" retiram a autonomia na sala de aula e é facto que está a adoecer os professores.

"O modelo de relações laborais é competitivo e não colaborativo", os professores trabalham pouco em conjunto, o que não ajuda a uma boa resposta à indisciplina, uma questão que preocupa 70% dos docentes.

De acordo com o estudo, a indisciplina é tratada "essencialmente no plano da culpa", "os professores culpabilizam pais, pais culpabilizam professores, diretores culpabilizam professores. Entopem-se escolas de faltas disciplinares, processos burocráticos demorados e a questão da indisciplina tem-se revelado cada vez mais importante como fator de adoecimento dos docentes e de perturbação das escolas".

O excesso de trabalho burocrático é outro das principais queixas dos professores, sendo que tem também uma relação direta com o estado de exaustão dos profissionais, revela ainda o estudo.