O PSD irá votar contra a proposta de Orçamento do Estado para 2019, segundo revelou este sábado o seu presidente, Rui Rio, a partir da sede do partido no Porto. O dirigente social-democrata não foi, de resto, de meias palavras, classificando a proposta orçamental do governo como uma "orgia orçamental'.
"Em termos económicos o objetivo do país tem de ser naturalmente o crescimento. Os Orçamentos do Estado são uma peça fundamental para este objetivo. Ou correspondem normalmente a uma visão de futuro, opta-se pelo futuro e portanto configura-se o futuro de uma determinada maneira ou então tem-se uma visão a curto prazo, imediata e opta-se pelo presente. Os Orçamentos do Estado deste Governo têm sido sempre a olhar para o presente e não a olhar para o futuro e a proposta do OE2019 vai exatamente nesta linha só que um bocadinho pior e penso que isso tem justamente a ver com as eleições", criticou Rui Rio. A proposta de votar contra o Orçamento de Estado, refira-se, ainda terá de passar pelos outros membros do PSD.
Rio lembrou ainda a história infantil "A Cigarra e a Formiga" para criticar o governo liderado por António Costa. "A cigarra no verão trabalhava e depois no inverno tinha que comer e vivia bem e a cigarra no verão não trabalhava, cantava e dançava e depois no inverno tinha dificuldades, tinha frio, tinha fome e andava a pedir aos outros. Este governo é a mesma coisa: canta e dança no verão e depois no inverno quem vier atrás que feche a porta", disparou.
Elogiando algumas das medidas contidas na proposta que considera positivas – e com as quais admitiu não ser possível discordar -, como a oferta de manuais escolares até ao 12.º ano, a redução das propinas, o passe único dos transportes e o aumento das pensões, Rui Rio frisou porém que "estas medidas, todas ao mesmo tempo, são uma orgia orçamental que o governo pretende fazer em ano de eleições". "São um conjunto de medidas avulsas, dispersas e sem estratégia. Medidas simpáticas, a ver se através disto captam o voto das pessoas. Mas quando a esmola é grande, o povo desconfia e há medidas que não são bem assim, são uma aldrabice e outras são uma trapalhada", atirou.
"Vamos continuar a ter um crescimento fraco, com 21 países a crescerem mais do que Portugal na União Europeia [de acordo com as estimativas para 2019]”, salientou ainda Rui Rio, avisando que a carga fiscal irá chegar a “máximos históricos” e acusando o Orçamento do Estado de “não ter qualquer problema em penalizar as empresas, apesar de sabermos que as empresas são absolutamente vitais para o crescimento económico”.
A proposta do Orçamento do Estado para 2019 apresentada por Mário Centeno foi entregue na segunda-feira no Parlamento, onde será discutida e votada na generalidade a 29 e 30 de Outubro. A votação final global está agendada para 29 de Novembro. O Bloco de Esquerda e o Partido Ecologista "Os Verdes", recorde-se, já anunciaram o voto a favor na generalidade.