Brasil. #Elenão virou #caixa2dobolsonaro nas ruas

A uma semana da segunda volta das presidenciais brasileiras, os apoiantes de Fernando Haddad saíram neste sábado à rua em protesto contra Jair Bolsonaro um pouco por todo o país. Em São Paulo, onde marcou presença Guilherme Boulos, juntaram-se cerca de 50 mil pessoas.

Ao cimo da Paulista, a ordem é descer. Início de tarde, avenida cortada nos dois sentidos e já se ouve “ele não, Haddad sim”. É um vendedor ambulante de bebidas apressado. Camiseta vermelha, “quem não luta tá morto” (a frase que o curador Moacir Dos Anjos levou das ruas para a exposição “Arte Democracia Utopia”, inaugurada há um mês no Museu de Arte do Rio) nas costas, crachá do PCdoB na frente. Correndo na direção do Museu de Arte de São Paulo, ponto de encontro do protesto contra Bolsonaro que virou de apoio a Fernando Haddad, grita de novo “Ele não, Haddad sim”. 

Grita-se da rua, dos carros de passagem. Bandeiras arco-íris, movimentos, partidos — ao fundo o PCdoB (Partido Comunista do Brasil) de Manuela d’Ávila, candidata a vice de Fernando Haddad hashtags #elenão ou a nova #caixa2dobolsonaro que se multiplica pelas redes sociais depois da notícia da "Folha de S. Paulo" na quinta-feira de que vários empresários pagaram em contratos que atingiram 12 milhões de reais pacotes de mensagens em massa para disseminar notícias falsas contra Fernando Haddad pelo WhatsApp.

“Deus ama todas as pessoas #elenão”, “quem preza pela qualidade vota no Haddad”, “somos resistência #13”, o número do voto no candidato petista na urna eletrónica nas eleições, que se decidem em segunda volta no próximo fim de semana entre Fernando Haddad, do Partido dos Trabalhadores, e Jair Messias Bolsonaro, do Partido Social Liberal. “Não deixe seu antipetismo eleger um fascista.”

E vai-se gritando, cantando, comendo, que protesto também pode ser festa, saltando até que o piso do vão livre do MASP, o epicentro da ação, abane. Mais tarde a marcha há de avançar, Paulista abaixo, em direção à Sé. Com o candidato do PSOL, Guilherme Boulos, uma das estrelas da extrema esquerda brasileira que logo depois da primeira volta anunciou o seu apoio a Haddad, presente. O delírio da multidão que se empurra para chegar mais perto. Para um beijo, para uma selfie, para uma troca de palavras de esperança para o próximo dia 28.

Aos protestos contra Bolsonaro que viraram de apoio a Haddad por todo o país neste sábado e que em São Paulo juntaram, segundo os organizadores citados pelo “Globo”, 50 mil pessoas, acorreram partidos, movimentos, cidadãos. Como Dilma. “Dilma, veja só! Mas Dilma Oliveira”. Toda ela PT, “PT sempre, PT faz 20 anos, pelos direitos da população pobre”.

De novo, muitas mulheres, e é impossível não as ouvir. No grupo das Mulheres em Luta pela Democracia, faixa lilás, “ó Bolsonaro, seu fascistinha, as feministas vão botar você na linha”. Segue a líder puxando um trolley-coluna, preparando já para o que virá depois: “E continuando os recados p’ ró Bolsonaro… Ó Bolsonaro, vai se foder. Esse país não precisa de você.”

Para este domingo, no mesmo local (o vão livre do MASP), na Avenida Paulista, estão marcados os protestos dos apoiantes de Jair Bolsonaro, contra o petista Fernando Haddad.