Esta sexta-feira, a função pública está em greve e, por todo o país, vê-se um cenário em que várias escolas estão encerradas, os hospitais funcionam a meio gás e há muito lixo por recolher, descrevem as estruturas sindicais que convocaram esta greve.
O secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública (SINTAP), José Abraão, em declarações à agência Lusa junto ao Liceu Passos Manuel em Lisboa, que se encontra encerrada devido à paralisação, disse que os primeiros sinais de “uma grande adesão chegaram da área das autarquias (transporte de resíduos sólidos e lixo), que está praticamente parado de Norte a Sul do país”.
“Na área da saúde, no turno da noite, estão sobretudo a funcionar os serviços mínimos, das escolas chegam-nos sinais de encerramentos em todo o país. Portanto nesta altura estamos a prever uma greve com alguma importância, com significado”, apontou o responsável, sublinhando que os trabalhadores da função pública “estão cansados da orientação de que estão a ser repostos rendimentos e direitos, mas não o sentem, por isso, é que a nossa exigência no sentido dos aumentos salariais para todos os trabalhadores sem distinção”.
“Esta greve é também um apelo claro ao Governo no sentido de dizer que não vale a pena manipular os números daquilo que o Orçamento do Estado contem para Administração Pública, porque governar é optar como diz o senhor primeiro-ministro. Então se é assim, é hora de optar pelos serviços públicos que estão degradados com falta de pessoal, onde cresce permanentemente a precariedade”, declarou.
O sindicalista disse ainda que está na hora de o Governo “dar um sinal a estes trabalhadores mostrando que é possível aumentar os seus salários, motivando, induzindo confiança com vista ao futuro dos serviços públicos, desde a área da saúde, educação, da justiça em concreto onde se vivem problemas enormes”.
As greves vão continuar nos próximos dias na área da administração pública. “Na segunda-feira, os técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica têm uma manifestação que vai até ao parlamento. Temos cerca de 30 mil trabalhadores em contrato individual de trabalho a quem foram atribuídas 35 horas e continuam a fazer 40 porque são impostas e não é refeito o seu percurso profissional”, explicou José Abraão.
Ainda sobre a situação das greves, a vice-presidente da Federação Nacional de Educação (FNE) e presidente da UGT, Lucinda Dâmaso, adiantou à Lusa que o nível e adesão das escolas em todo o país “é muito elevado”. “Está em causa um desprezo total pela educação, pelos trabalhadores da educação e pelos trabalhadores da administração pública. Temos um OE que não vem ao encontro ao que seria o desejável (…)”, relembrou.
Em Lisboa, todo o agrupamento de escolas da Escola Secundária Vergílio Ferreira encontra-se totalmente encerrado.
Recorde-se que inicialmente a greve foi convocada pela Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública (ligada à CGTP), com o objetivo de pressionar o Governo a incluir no Orçamento do Estado para 2019 a verba necessária para aumentar os trabalhadores da função pública.
No entanto, depois da última ronda de negociações no Ministério das Finanças, a Federação de Sindicatos da Administração Pública e o Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado, ambos filiados na UGT, anunciaram que também iriam emitir pré-avisos de greve para o mesmo dia.