Uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra anunciou, esta segunda-feira, o desenvolvimento de uma molécula natural que vem substituir o estireno: uma substância derivada do petróleo, bastante utilizado para o plástico e considerado bastante tóxico.
"Pela primeira vez, foi desenvolvida uma molécula quase cem por cento natural capaz de substituir o estireno, uma molécula derivada do petróleo que está na base de materiais usados nas mais diversas indústrias, por exemplo naval, automóvel, embalagens e vestuário, mas que apresenta elevada toxicidade", pode ler-se no comunicado emitido pela Universidade de Coimbra.
Esta descoberta é o tema principal da capa da revista científica “Green Chemistry”.
Os investigadores referem, no comunicado, que "há muito que a comunidade científica estuda uma alternativa ao estireno, um composto considerado tóxico e bastante nocivo para o ambiente e para o ser humano, tendo sido classificado como agente carcinogénico".
Esta nova molécula tem por base o "sobrerol, um composto de estrutura cíclica, que pode ser obtido a partir da transformação de materiais extraídos da resina do pinheiro". De acordo com um dos investigadores que conduziu o estudo, Ana Fonseca, a preparação desta substância envolve a utilização de dióxido de carbono como matéria-prima, o que é “uma importante mais-valia sob o ponto de vista ambiental".
"Para que a nova molécula garantisse as mesmas propriedades e características finais em tudo semelhantes às do estireno, a equipa teve de modificar o composto de sobrerol através de reações específicas de engenharia molecular", explicam os investigadores.
"Até aqui, as tentativas de substituição do estireno não se mostraram satisfatórias, essencialmente por não assegurarem as melhores propriedades do material final", lê-se ainda na nota. De acordo com os investigadores, o maior desafio da investigação "foi desenvolver uma molécula com base em produtos naturais, que possa ser utilizada nas mesmas funções do estireno e que após os mesmos tratamentos possibilite a obtenção de materiais com as mesmas propriedades mecânicas e térmicas", pode ler-se.
Porém, a equipa da Universidade de Coimbra refere que é necessário "efetuar os necessários estudos de desenvolvimento tecnológico para a sua aplicação".