Web Summit. Cosgrave é o novo Fernão de Magalhães

O primeiro dia da Web Summit arrancou com destaque para a Inteligência Artifical e elogios à cidade de Lisboa 

O maior evento tecnológico do mundo já abriu portas. No primeiro dia de Web Summit, António Costa e António Guterres estiveram debaixo dos holofotes do palco principal. Enquanto o secretário-geral das Nações Unidas colocou o foco na Inteligência Artificial, o primeiro-ministro fez um largo elogio à casa da Web Summit durante os próximos 10 anos: Lisboa.

A cimeira começou às 18h30, mas uma hora antes quase não se viam lugares vazios. O vídeo com imagens de locais e atividades bem portuguesas, mas com maior incidência na capital, veio acompanhado de palmas e de uma contagem decrescente para o início da semana em que o Altice Arena e a FIL recebem 70.000 pessoas para a cimeira onde será discutido o futuro do mundo tecnológico e empresarial.

Paddy Cosgrave, pai da Web Summit, fez as honras da casa. A seguir, o palco recebeu Tim Berners-Lee, fundador da  World Wide Web, e Lisa Jackson, vice-presidente da Apple.

A intervenção mais esperada foi a de António Guterres. Em quinze minutos, o secretário-geral das Nações Unidas falou da criação de “um futuro digital seguro e benéfico para todos”. 

Como podemos aproveitar as novas tecnologias? Temos noção dos perigos da inovação? As respostas a estas perguntas surgiram sempre com o tema da inteligência artificial no centro da discussão. Os avanços da tecnologia estão, segundo Guterres, a ajudar inúmeras áreas, como as da saúde e da educação. A UNICEF, por exemplo, está agora capacitada para chegar a escolas que estão isoladas. “A Inteligência Artificial está até a ajudar as pessoas a encontrar a sua alma gémea. Ainda assim, estou muito satisfeito por ter encontrado a minha pelos meios tradicionais”, disse Guterres, em tom de brincadeira. 

Os riscos da internet geram três preocupações ao secretário-geral da ONU: o futuro do emprego, os populismos e o discurso de ódio. “Hoje vemos muitos trabalhos a serem criados e muitos a serem destruídos. E claro, nós não estamos preparados para isto. A relação entre o trabalho, o lazer e outras preocupações vai mudar radicalmente”, disse. 

O discurso, marcado por muitos aplausos, terminou com um aviso: “Máquinas com poder para tirar vidas humanas são politicamente e moralmente inaceitáveis e devem ser banidas pela lei internacional”.

Os novos descobrimentos “Portugal gosta de ser uma país que recebe as pessoas que vêm de todo o lado do mundo”, disse António Costa, durante as ‘boas-vindas’ aos milhares de estrangeiros que durante os próximos dias vão ‘invadir’ o Parque das Nações. Com ar entusiasmado, o primeiro-ministro afirmou que “conectar as pessoas está no ADN dos portugueses”.

Costa lembrou Fernão de Magalhães e comparou o início dos descobrimentos, que festejam no próximo ano o 500º aniversário,  com o início da era tecnológica que começa agora.  No entanto, não esqueceu alguns dos problemas que afetam a Humanidade, como as alterações climáticas, um tema também abordado pela vice-presidente da Apple para as questões ambientais.

O final do discurso ficou marcado por uma mensagem às empresas portuguesas e em bom português: “Quero desejar que, nesta semana, encontrem parceiros, novos mercados e novos recursos humanos. São os nossos embaixadores da Web Summit”.

Fernando Medina também subiu ao palco e fez das palavras de António Costa as suas. O Presidente da Câmara Municipal de Lisboa aproveitou para oferecer a Paddy Cosgrave um retrato de Fernão de Magalhães e até chegou a comparar os dois: “Agora Lisboa abre fronteiras por tua causa”, disse Medina. 

Apostas em Portugal Há palavras que vão estar na moda durante os próximos dias e “summit” é uma delas. Antes da abertura oficial da Web Summit, António Costa esteve no Convento do Beato para a sessão de abertura do Venture Summit e anunciou medidas que mexem diretamente com Portugal: mais 100 milhões de euros do Fundo Europeu de Investimento para apoiar projetos de inovação tecnológica, o Portugal Tech, que já envolveu cerca de 230 milhões de euros desde a sua criação, e ainda o arranque do Tech Visa, um projeto direcionado para a atração de quadros qualificados para residirem no nosso país. 

À frente de uma plateia de investidores em startups e ao lado de Fernando Medina e do ministro Adjunto e da Economia, Pedro Siza Vieira, o líder do Executivo anunciou: “Com o acordo do Fundo Europeu de Investimentos, vamos reforçar a nossa aposta nas startups. Esse fundo terá também capital privado”.

Assim, do total de 100 milhões, metade vai sair do IAPMEI – Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas -, e a outra metade do próprio Fundo Europeu de Investimento.