Futebol. Os presidentes de clubes que também já foram detidos

Os tempos têm sido conturbados para o futebol português. Contudo, as polémicas portuguesas não são caso isolado. O i reuniu alguns exemplos em que a justiça abalou o futebol no estrangeiro

O mundo do futebol português tem sido abalado nos últimos tempos por várias investigações que visam apurar alegados esquemas de corrupção, entre outros. A mais recente polémica rebentou este fim de semana – e está relacionada com as agressões em Alcochete, que ocorreram em maio – com a detenção do ex-presidente leonino, Bruno de Carvalho.

Contudo, a detenção de Bruno de Carvalho não é um caso isolado no mundo do futebol. São vários os nomes de dirigentes de clubes de futebol que, ao longo dos anos, têm sido presos por alegadas ligações a esquemas de corrupção, entre outros.

O mais recente caso verificado na Europa também ocorreu este mês: Dmitry Rybolovlev, presidente do Mónaco, foi detido no dia 6 de novembro no âmbito do caso Monacogate – uma investigação que foi aberta há cerca de um ano por suspeitas de corrupção e tráfico ativo e passivo de influência. 

As autoridades suspeitam que Dmitry Rybolovlev terá contratado uma advogada para tentar influenciar as instâncias judiciais do Principado num outro processo em que está envolvido.

Ainda este ano, em janeiro, Fedele Sanella, dono do Foggia Calcio – um clube italiano – foi preso por suspeita de lavagem de dinheiro. 

O clube também foi acusado de fraude fiscal por suspeita de que o vice-presidente honorário, Ruggiero Massimo Curci, terá pago a jogadores e funcionários em dinheiro para fugir aos impostos.

O dono do Foggia Calcio é acusado de receber e lavar algum do dinheiro proveniente da atividade do vice-presidente do clube – que foi preso em dezembro de 2017. 

Os investigadores acreditam que parte do dinheiro usado por Corci terá ido parar aos cofres do clube italiano, razão pela qual Sanella foi detido. 

Em 2015, também num clube italiano, Giampietro Manenti, presidente do Parma, foi detido por alegadamente pertencer a um grupo de 22 suspeitos ligados a um esquema que visava roubar 4,5 milhões de euros. Para isso, o grupo terá recorrido a cartões clonados para poderem aceder a contas bancárias e transferir dinheiro.

Segundo a imprensa italiana, Manenti era responsável por branquear o dinheiro desviado. Para encobrir o branqueamento, o presidente do clube italiano justificava a entrada do dinheiro nas contas do clube com patrocínios. 

Vincent Labrune chegou ao Marselha em 2008 para assumir o cargo de presidente do Conselho de Supervisão. Três anos depois passou a ocupar a cadeira de presidente. No entanto, em 2014 foi detido pelas autoridades francesas que, na sequência de investigações, descobriram várias irregularidades financeiras em transferências de jogadores – incluindo a compra de André-Pierre Gignac ao Toulouse, em 2010.

No passado, o Marselha também já tinha enfrentado outro caso de corrupção: Bernard Tapie, antigo presidente do clube, foi acusado de ter ‘comprado’ a vitória do Marselha contra o Valenciennes, na final da taça dos Campeões Europeus na época 1992/1993.  

Casos portugueses 

Em Portugal a justiça portuguesa tem ganhado força contra a corrupção no desporto. O caso dos emails, o caso e-toupeira e o caso das agressões em Alcochete, são alguns dos exemplos.

Mas um dos grandes casos que abalou o futebol portuguêse e ainda hoje marca a atualidade desportiva desencadeou-se em 2004, com o processo Apito Dourado – que tem por base suspeitas de alegados casos de corrupção e tráficos de influências no futebol profissional português.

Em janeiro desse ano, a Polícia Judiciária (PJ) ouviu um telefonema entre Pinto da Costa, presidente do FC Porto e o empresário António Araújo. Os dois terão falado dias antes do jogo do Porto frente ao Amadora. Nesse telefonema, o empresário terá falado a Pinto da Costa em ‘fruta’ – um alegado código usado para prostitutas – que seria dada ao árbitro do jogo, Jacinto Paixão. Nesse  jogo o Porto saiu vitorioso.

É nessa sequência que a 20 de abril de 2004 se desencadeia a operação Apito Dourado com a detenção de vários dirigentes e árbitros de futebol para interrogatório. Entre os detidos estavam nomes como Valentim Loureiro, na altura presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional e presidente da Câmara Municipal de Gondomar e Pinto de Sousa, dirigente do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol.

Após anos nos tribunais, no ano passado houve um novo desenvolvimento no processo: Pinto da Costa e, consequentemente o FC Porto, foram absolvidos.