O tema oficial da audição era a proposta de Orçamento do Estado para o próximo ano, mas o ministro da Defesa Nacional acabou esta terça-feira por ter de responder, no Parlamento, a algumas questões sobre o caso de Tancos. A primeira pergunta surgiu do lado do PSD, pela voz de Pedro Roque, e João Gomes Cravinho assegurou que "as Forças Armadas não têm problemas de inventário".
Na sua intervenção inicial de apresentação das contas para 2019, Gomes Cravinho fez ainda uma referência ténue ao caso, ao afirmar que ocorreram "episódios vividos que foram causadores de incompreensão", mas não foi mais além no registo. Gomes Cravinho assumiu ainda que existem algumas informações "contraditórias" entre a lista de material roubado do apiol de Tancos, em junho de 2017 e, recuperado em outubro desse mesmo ano, mas remeteu respostas mais concretas após o encerramento dos processos judiciais em curso. Contudo, assegurou que tem "todas as garantias que precisava" do Exército sobre o inventário militar.
Na defesa da colaboração com a Nato e a União Europeia, ou na intervenção de Portugal na República Centro Africana, Gomes Cravinho distanciou-se, nestes pontos, em relação às posições do Bloco de Esquerda e do PCP.
Quanto à ideia de suspender o Dia de Defesa Nacional, proposta de alteração feita pelo Bloco de Esquerda e levantada pelo deputado do referido partido, João Vasconcelos, coube à secretária de Estado da Defesa, Ana Santos Pinto, dar uma resposta. A governante defendeu a iniciativa por se tratar de uma forma de aproximação dos cidadãos às Forças Armadas.
O Dia da Defesa Nacional foi criado em alternativa ao Serviço Militar Obrigatório e foi pensada para os jovens com 18 anos participaram em iniciativas de contacto com as Forças Armadas. Por isso, Ana Santos Pinto defendeu que "faz parte do processo de maturação democrática" dos jovens que estão a desenvolver as suas competências de cidadania.