O IRA – Intervenção e Resgate Animal recorreu às redes sociais para contrapor algumas das ideias apresentadas na reportagem emitida na passada quinta-feira pela TVI.
Nesta reportagem, a TVI revelou que o grupo de encapuzados, que diz resgatar animais maltratados, acaba por roubá-los e faz perseguições armadas aos donos, entrando nas suas casas e ameaçando de morte quem os enfrenta. A TVI acrescenta ainda que o IRA está a ser investigado pela Unidade de Contraterrorismo da Polícia Judiciária e pelo Ministério Público por terrorismo, assalto à mão armada, sequestro, entre outros crimes.
Uma das pessoas ouvidas pela TVI foi Teresa Bento, uma mulher que acusa o IRA de lhe ter roubado uma égua sem qualquer motivo. A alegada vítima diz que recuperou a égua num cemitério para animais. De acordo com o testemunho do grupo, não se trata de um cemitério, mas sim o “centro de recuperação”.
“Afirma que existiam inúmeros cavalos dentro de um cubículo, todos maltratados. Nem uma fotografia? Um vídeo? Uma denúncia à GNR ou PSP para solicitar a presença das autoridades pela deteção de um animal supostamente furtado? Não! A Paula Neto ( da associação GIRA) informou a "vítima" sobre onde o IRA recuperava os equinos. A "vítima" deslocou-se com os "primos" e arrombaram o portão da quinta, partiram a porta do estábulo e furtaram a Maeve. Quando fomos informados pelo proprietário da quinta sobre o sucedido, dirigimo-nos para o local de onde ela foi resgatada e, o Universo assim o quis, cruzámos caminho com uma Ford branca, de caixa aberta, com uma égua branca lá em cima em plena Pontinha às quase 3 da manhã. Seguimos a carrinha enquanto estávamos ao telefone com a PSP onde solicitávamos apoio policial para uma interceção da viatura e devidas atuações em conformidade. Fomos emboscados por familiares da "vítima", que se dirigiu para o interior de um bairro social bastante conhecido e perigoso na Pontinha, obrigando-nos a recuar e aguardar a presença da PSP. Presença essa que nunca aconteceu!”, escreve o IRA.
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Segundo esta organização, a Maeve foi localizada em junho de 2017, “nos terrenos próximos ao Dolce Vita Tejo, num estado de malnutrição evidente”. O IRA diz que, em agosto de 2018, a situação estava igual, o que os levou a avançar.
“Se existiram ameaças com arma de fogo, se existiu uma perseguição com viaturas e abalroamento das mesmas, porque não revelam fotos dos danos e queixas na polícia contra nós sobre isso? Estiveram presencialmente connosco a pedir a égua de volta, informámos em que circunstâncias poderiam reavê-la, sabiam onde nos localizar. Porque não houve mandados de busca ou detenções face à gravidade dos atos descritos pela vítima?”, acrescenta a organização.
IRA acusa TVI de 'corte e costura'
O IRA defende que um dos vídeos usados pela TVI para ilustrar a peça é um “vídeo satírico” que tem como objetivo responder com humor a algumas questões colocadas pelos seus seguidores nas redes sociais.
“A TVI e a sua equipa de "corte e costura" foi ao nosso canal do Youtube, agarrou num vídeo satírico que fizemos de forma a responder ao espaço PERGUNTAS E RESPOSTAS dos nossos seguidores, editou as imagens a seu bem entender e tentou transmitir uma imagem de Fanfarrões, criminosos, de ideologias políticas de extrema-direita”, escreve a organização.
“Inclusive, refere-se ao "cabecilha" como sendo Sportinguista. Membro da Juveleo e pertencente ao grupo 1143. Nem de propósito, está a decorrer uma investigação sobre a referida claque futebolística por crimes de terrorismo e violência. Em momento algum da reportagem explicam ou provam porque somos retratados por terroristas”, escreve o IRA, que partilha na sua página o vídeo em causa.
“Quem tem o poder de definir acusações é o Ministério Público e não a jornalista Ana Leal, André Alves ou a entidade emissora TVI. Vimos portanto por este meio negar a existência de quaisquer processos onde estejamos constituídos enquanto arguidos ou notificados na mesma qualidade para prestar declarações sobre que tipo de cções tenhamos tido. Este tipo de incriminação pública é gravíssima, dado o estatuto social da entidade emissora e consequente repercussões que nos seus "alvos" possam incutir, repugnante e visa exclusivamente descredibilizar esta Organização junto das diversas autoridades policiais e entidades reguladoras para o âmbito do bem-estar animal”, acrescenta a organização.
'Cristina Rodrigues não é membro do IRA'
Outra das questões levantadas pela TVI é a ligação do IRA ao PAN – Pessoas, Animais, Natureza. Cristina Rodrigues, membro da comissão política do PAN e chefe do gabinete na Assembleia da República, está a ser investigada por alegadas ligações ao grupo, diz a estação de Queluz de Baixo. Cristina Rodrigues está sob suspeita de ter participado em filmes de propaganda do grupo extremista de defesa dos animais, acrescenta a TVI.
Confrontada pela estação, a chefe de gabinete, que nas últimas eleições autárquicas foi candidata à Câmara de Sintra, recusou-se a comentar o assunto e confirmou ser, enquanto advogada, representante legal do grupo e que chegou a assinar queixas contra a polícia.
O IRA também abordou esta questão no Facebook, explicando que “Cristina Rodrigues não é membro do IRA”. “A mesma presta serviço de advocacia, juntamente com outras 2 pessoas, a titulo voluntário e Pro Bono.
Em momento algum participou nas nossas ações ou vídeos e tem um papel meramente de apoio jurídico no desenvolvimento das nossas queixas-crime contra os detentores dos animais que resgatamos ou avaliamos.
Esta tentativa de ligação IRA-PAN é totalmente descabida, assente em ataques de descredibilização e exigência de demissões no partido político e certamente que se deverá às recentes publicações do IRA que visam o financiamento da TVI às touradas no Campo Pequeno e posição do PAN contra a isenção do IVA nas touradas”, acrescenta a organização.
O IRA garante que continuará a contrapor as informações transmitidas pela TVI através de outros meios de comunicação: “recorreremos a outros canais televisivos para difundir todos os meios de prova que temos e que refutam integralmente as graves acusações de que somos alvos por parte quer da equipa de reportagem, quer dos convidados presentes no debate. Informamos também que recorreremos à ERC e Ministério Público, a fim de apurar a verdade e trazer as devidas consequências legais aos órgãos difusores e acusatórios”.