Os constrangimentos no Porto de Setúbal já estão a condicionar o escoamento da produção automóvel em Portugal, numa altura em que os números atingem níveis recordes. Só nos primeiros dez meses foram produzidas quase 248 mil unidades, o que representa uma subida de 80,3% face a igual período do ano passado, revelam os dados pela Associação Automóvel de Portugal (ACAP).
Deste total, 96,8% destinam-se ao mercado externo, o que representa uma subida de 82,4% face a igual período do ano passado. A Europa continua a ser o mercado líder nas exportações dos carros produzidos no território nacional ao apresentar um peso superior a 90%, com destaque para a Alemanha (21,3%), França (14,5%), Itália (11,4%), Reino Unido (11,1%) e Espanha (9,7%). O mercado asiático, liderado pela China (3,2%), mantém o segundo lugar nas exportações.
Só em outubro, foram produzidos 2.7751 veículos, uma subida de 39,2% face a igual período do ano passado. Nos ligeiros de passageiros o aumento foi de 23,4%, para 19.266 unidades, enquanto nos comerciais ligeiros a produção mais do que duplicou, passando de 3.827 para 7.897 veículos. Já no segmento de pesados, as 588 unidades produzidas traduzem uma subida de 18,5% face a igual período do ano passado.
Palmela recordista
A Autoeuropa é um dos grandes responsáveis pelo aumento da produção automóvel. Ainda esta semana, a fábrica de Palmela revelou que está em curso nestes dias a produção de mais de 800 unidades por dia, ou seja, um volume de produção nunca registado nesta unidade. De acordo com a empresa, trata-se de «um marco que simboliza a nova fase de desenvolvimento da empresa».
Este aumento está relacionado sobretudo com modelo T-Roc, que «já é o carro mais produzido diariamente» na fábrica de Palmela. Aliás, este novo modelo já é assumido «como o pilar da sustentabilidade da Volkswagen Autoeuropa», que viu o seu fabrico reforçado com a implementação do novo horário de laboração contínua, com um quarto turno de trabalho, para responder ao aumento da atividade.
De acordo com os últimos dados da empresa, em 2017, o peso das vendas da Autoeuropa nas exportações de bens de Portugal foi de 3,4%, valor que aumenta para «12,3% se considerarmos apenas as exportações da Área Metropolitana de Lisboa», onde está integrado o distrito de Setúbal. Já para este ano, as contas da fábrica de Palmela indicam que a sua produção irá representar 5% das exportações portuguesa.
Vendas desaceleram
Estes níveis recorde de produção ocorrem, numa altura, e que as vendas de automóveis no mercado nacional têm vindo a cair. As vendas de automóveis registaram uma quebra em outubro, pelo segundo mês consecutivo, ao registar uma redução de 9,1%. Nesse mês foram matriculados cerca de 17.800 veículos, de acordo com os dados da ACAP. No que diz respeito aos ligeiros de passageiros, os veículos matriculados não chegaram a atingir os 14 mil, o que se traduz numa queda homóloga de 12,2%.
Estes valores, de acordo com a associação, representam uma «correção» relativamente a agosto, altura em que as vendas dispararam 28% devido à antecipação da entrada em vigor das novas regras para medição das emissões de CO2.