O vice-presidente do PSD Manuel Castro Almeida reconhece que o partido vive um “clima de divisão, confrontação e hostilidade excessivo”. E alerta que, ou há “tréguas”, ou os sociais-democratas correm o risco de cair num “suicídio coletivo”.
Em entrevista ao “Público” e à “TSF”, Castro Almeida afirma que o “ruído interno” no PSD está a “prejudicar a afirmação do partido”, impedindo que as mensagens dos sociais-democratas passem para a opinião pública. E dá como exemplo o desconhecimento dos portugueses em relação às mais de 100 propostas de alteração ao Orçamento apresentadas pelo PSD. “Em boa medida, porque há um problema que ainda não resolvemos que é de ruído interno que dificulta que as nossas propostas passem. Quando se fala de questões internas, não se fala de oposição”, explica.
Para o vice-presidente social-democrata, para resolver o problema é necessário “um esforço de aproximação de ambas as partes”: do presidente do partido, Rui Rio, e dos “companheiros que não se reveem na atual direção”. “O primeiro responsável por garantir a unidade do partido é o presidente e a direção. Mas também é necessário que do outro lado haja a aceitação plena dos resultados eleitorais”, justifica.
Sem querer invocar nomes, Castro Almeida defende que quem não concorda com a estratégia de Rui Rio está no seu “direito”. Mas “tem também o dever de contribuir para que o partido não caia num suicídio coletivo. “Isso é dever de todos. É necessário que haja do outro lado um período de tréguas. Porque senão quem perde é o conjunto do partido”, alerta.
Ainda na mesma entrevista, o dirigente do PSD disse que lamenta que Santana Lopes tenha saído do PSD – saída essa que considera que aconteceu por questões de “poder”. “Vejo com pena a sua saída, mas aqui não houve nenhuma diferença estrutural ou ideológica. Foi um problema de disputa de poder. Não teve o poder dentro do PSD, foi procurar uma alternativa que lhe permitisse estar no poder. Não conheço divergências ideológicas”, salientou.
“Não há risco de rutura"
O líder parlamentar do PSD, Fernando Negrão, não concorda com o diagnóstico feito pelo vice-presidente do partido. E garante que “não há nenhum risco de colapso ou rutura”. “O PSD é um partido popular e que vai continuar a sua vida”, assegurou.
Questionado pelos jornalistas no final do debate do Orçamento no parlamento, o líder da banca laranja afirmou que não se revê nas afirmações feitas por Castro Almeida. “O grupo parlamentar está a funcionar com normalidade e com certeza que continuaremos a funcionar na mesma”, defendeu.
Fernando Negrão referiu ainda que “todos os partidos têm os seus problemas”. E lembrou, por exemplo, a divergência recente entre o líder parlamentar do PS, Carlos César, e o secretário-geral do partido, António Costa, no caso das touradas. “Se nós vamos transformar cada um destes problemas num problema interno gravíssimo, não falamos de outra coisa”, acrescentou.