Que inspiração!», «A prova de que tudo é possível se quisermos», «Exemplo a seguir!», «Lenda». Estas são apenas algumas palavras e expressões que poderá encontrar se pesquisar pelo nome de Rosa Mota nas redes sociais. Entre os afamados prémios de Turismo que deixaram os portugueses eufóricos, os protestos dos coletes amarelos que deixaram Paris a ferro e fogo e, ainda, a expulsão de Sérgio Conceição no dérbi com o Boavista, no passado fim de semana, as atenções também se desviaram para a maratonista portuguesa. E não era caso para menos.
Rosa Mota aterrou em Macau a convite da organização da 37.ª Maratona Internacional para assumir o papel de embaixadora anti-dopping, mas depressa os planos se alteraram. Depois de ter celebrado 60 anos em finais junho passado, a portuense voltou a provar a razão de continuar a ser considerada a melhor maratonista portuguesa de todos os tempos. A veterana esforçou-se para que o foco da sua viagem não deixasse de ser a mensagem sobre os perigos do doping e «de como a batota não tem lugar no desporto», mas o que na verdade iria dar que falar seria o feito da portuguesa pós-palestras.
Para surpresa de (quase) todos, a corredora não só decidiu colocar o dorsal para participar na mini-maratona (5.200 metros), como acabou mesmo por ser a primeira corredora a cruzar a meta.
Mais: além de se ter sagrado campeã, Rosa Mota assinou a sua melhor marca neste evento – realizou o percurso em 22:02 minutos, uma melhoria de 2:45 minutos em relação à já então marca impressionante registada no ano de 2016, em que, note-se,… também subiu ao lugar mais alto do pódio. Terminada a mini-maratona, Rosa Mota voltou a deixar (quase) todos atónitos, quando explicou o motivo que a levou a participar: «Como não tinha mais nenhum compromisso e fiquei livre, decidi ir correr».
Bem capaz de ter deixado envergonhada a maioria da faixa etária mais jovem (e não tão jovem), – para não falar dos eternos fiéis aos hábitos sedentários -, a ex-campeã do mundo e da Europa revelou que o prazer que tem em correr continua a ser o mesmo que aquele que sentia na juventude e, por isso, agora só tem em atenção o facto não se aventurar para lá das consideradas distâncias curtas (até 10km).
Além disso, para a maratonista, que fez história há três décadas com o ouro nos Jogos Olímpicos de Seul, não há dúvidas de que mais vale prevenir do que remediar. Literalmente. «Continuo a praticar exercício porque é algo importante para mim.
É preferível gastar dinheiro num equipamento desportivo do que na farmácia», confessou ao Correio da Manhã.
Embora sempre focada na mensagem que a levou até à antiga colónia portuguesa e atual região especial administrativa da China, – a de «reforçar
a importância da promoção e sensibilização contra a dopagem» -, a maratonista nortenha não escondeu, todavia, a importância de vencer.
«Iam três atletas jovens à minha frente. Aos 1000 metros passei uma, depois passei outra e aos 2500 metros isolei-me na frente. Quando entrei no estádio, tentei não perder. Não ganhei com um avanço muito grande. Se puder ganhar, não vamos deixar ganhar os outros», comentou.
Os portugueses em prova
A mini-maratona, assim como a meia-maratona, integraram o programa da 37.ª Maratona Internacional de Macau.
Os atletas portugueses Vera Nunes e João Antunes concluíram a maratona na sexta (femininos) e oitava (masculinos) posições, respetivamente. Na meia-maratona, tanto António Rocha como Carla Martinho garantiram o terceiro lugar nas provas masculina e feminina.