Polícia infiltra agentes nos ‘coletes amarelos’

Agentes estão em grupos de Whatsapp e do Facebook para monitorizarem as ações do protesto marcado para amanhã

A manifestação dos coletes amarelos prevista para amanhã, em vários locais do país, está na mira da PSP há pelo menos duas semanas.

A polícia tem monitorizado todos os grupos organizadores do protesto ‘Vamos parar Portugal’, cujo evento foi apagado do Facebook, a pedido das autoridades, quando já tinha 40 mil pessoas interessadas e outras 14 mil a garantirem presença, como avançou o i esta semana.

A monitorização da PSP, segundo o Jornal de Notícias, está a ser feita através de grupos no Whatsapp, em redes sociais e pequenas reuniões que têm sido realizadas nos últimos dias, ou seja, as autoridades estão atentas ao protesto, embora sem o "tentar desmobilizar".

Elementos da polícia descobriram nas conversações dos grupos que o plano é: carros em marcha lenta, das seis à sete da manhã, em direção aos locais agendados. Em caso de serem confrontados com questões das autoridades a resposta deverá ser de que trata de uma "avaria, acidente ou ataque de pânico". É ainda recomendado que se levem "mantimentos", a "bandeira nacional" e a "não causar distúrbios", escreve o Jornal de Notícias.

A preocupação da polícia era uma alegada ligação da extrema-direita aos organizadores do evento, no entanto a suspeita não se verifica. "Aquilo que tem sido identificada é uma militância organizada, sem ideologia e muito populismo", cita o mesmo jornal.

Em França, onde surgiu o movimento, os primeiros protestos foram maioritariamente levados a cabo por camionistas que exigiam combustíveis mais baratos, mas a suspensão do aumento por parte do governo não foi suficiente para travar o movimento, que prosseguiu com o protesto e novas reivindicações sociais.

Em Portugal, o movimento aparece já com várias exigências, como a redução de taxas e impostos; o aumento do salário mínimo, do subsídio de desemprego e das reformas ou pensões; o fim da idade mínima de reforma para os políticos, bem como o corte nas subvenções. É ainda exigida a reforma do Serviço Nacional de Saúde e um maior empenho no combate à corrupção.

Os manifestantes que aderirem ao protesto estão proibidos de ter a cara tapada e devem ter sempre consigo a identificação pessoal. A organização recomenda que no caso de detenção, devem remeter-se ao silêncio até que chegue um advogado. A recolha de imagens é também sugerida por questões de segurança.