Pequim reserva a si própria a possibilidade se usar a força se Taiwan declarar a independência, mas, caso isso não aconteça, continuará com os esforços para se alcançar uma "reunificação" pacífica com a ilha. Foi o aviso do presidente chinês, Xi Jinping, num discurso proferido hoje manhã no Grande Salão do Povo, em Pequim, no 40.º aniversário da política de uma só China. "Não prometemos renunciar ao uso da força e reservamo-nos a opção de usar todas as medidas necessárias", disse Xi.
Para o presidente chinês, não há dúvida que os cidadãos de Taiwan reconhecem que a proclamação da independência levaria a um "grande desastre". "Os cidadãos chineses não atacam outros cidadãos chineses. Estamos dispostos a usar a maior sinceridade e a dedidar o máximo de esforço para lutar pela perspetiva da reunificação pacífica".
O recado não era apenas para o governo de Taiwan, mas principalmente para as potências estrangeiras que, diz a China, tentam interferir na reunificação, impedindo-a, numa referência implícita aos Estados Unidos. Na segunda-feira, o presidente dos EUA, Donald Trump, assinou uma lei que reafirma o compromisso norte-americano para com a defesa militar de Taiwan.
Por sua vez, a presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, garantiu que o seu país nunca aceitará o príncipio de "um país, dois sistemas" e que os seus cidadãos estavam orgulhosos do seu modo de vida. "A grande maioria em Taiwan opõe-se resolutamente a "um país, dois sistemas", este é o consenso de Taiwan", afirmou.
E, numa jogada de passa a bola para o continente, Tsai afirmou: "Apelamos à China para avançar corajosamente na sua democracia por só assim conseguir realmente compreender o pensamento e insistência do povo de Taiwan".
No seu discurso, Xi Jinping tentou tranquilizar o povo de Taiwan de que não há motivos para temer Pequim: "Depois da reunificação pacífica, Taiwan ficará finalmente em paz e o povo irá desfrutar de uma boa e próspera vida. Com o apoio da grande pátria, o bem-estar dos compatriotas de Taiwan será ainda melhor, o seu espaço de desenvolvimento será ainda maior".
Pequim e Taiwan estão de costas voltadas desde o fim da Revolução Chinesa (1946-49), quando os seguidores do então líder nacionalista Chiang Kai-Chek se refugiaram na pequena ilha, proclamando a sua autodeterminação, mas não a independência. Entre 1946 e 1979, Pequim ordenava bombardeamentos de rotina contra as costas da ilha.