As onze horas e meia do PSD

O conselho nacional extraordinário do PSD ficou marcado por discursos tensos, ameaças de batalha jurídica, a intervenção galvanizadora do vice-presidente, Morais Sarmento, e o apoio inesperado de Luís Filipe Menezes ao seu arquirival Rui Rio, com direito a um abraço e emoção.

16h50
O presidente do PSD, Rui Rio, chega ao conselho nacional com as contas feitas

O presidente do PSD, Rui Rio, chega ao local do Conselho Nacional, no Porto Palácio, no Porto, e garante que a sua «especialidade» é fazer contas, quando questionado sobre o resultado do encontro que definiria o futuro da sua direção e da liderança. O líder social-democrata é parco em palavras e assegura que «nem direito a voto» tem na moção de confiança que pediu à direção do partido. 

17h30
Luís Montenegro estava a 500 metros da reunião mas não recebeu convite

Durante o conselho nacional, o antigo líder parlamentar do PSD esteve a 500 metros do hotel onde decorria a reunião. Mas não recebeu um convite para participar. A Mesa, no início dos trabalhos, recusou apreciar o pedido do presidente da Câmara de Viseu, Almeida Henriques, para que Montenegro pudesse falar aos conselheiros: se Montenegro pretendia participar deveria ele próprio fazer o pedido.

18h00
Rui Rio discursa 18 minutos e acusa Montenegro de não ter ido a jogo em 2018

O líder do PSD começou ao ataque, insinuando que Luís Montenegro não teve coragem de disputar as eleições internas há um ano. E que agora «está à espera de ganhar uma eleição pela primeira vez na vida». Rui Rio considerou ainda que a situação que levou à marcação do Conselho Nacional extraordinário é um «frete» ao PS e a António Costa e trata-se de um «tsunami partidário».

20h00
Pedro Pinto diz que  Rio dá um ‘jeitão’ a António Costa

O líder da disitrital do PSD/Lisboa foi um dos rostos da oposição interna a Rui Rio, reagindo aos jornalistas, amíude, ao evoluir dos trabalhos, sendo um dos principais autores do requerimento de voto secreto na moção e um dos mais críticos da direção: «Entra pelos olhos adentro que António Costa se tem andado a divertir com o PSD. Rui Rio dá-lhe um jeitão».

21h00
O abraço inesperado a Luís Filipe Menezes

Luís Filipe Menezes surpreendeu ao aparecer no Conselho Nacional para apoiar Rui Rio. Na sua intervenção, Menezes afirmou que irá estar com Rio «até à vitória» nas legislativas. Na pausa para jantar, o líder do PSD decidiu ir dar um abraço a Menezes. O gesto pode ter colocado uma pedra sobre a inimizade que os desunia. A relação azedou quando, nas autárquicas de 2013, Rio não apoiou Menezes na corrida à Câmara do Porto, optando por Rui Moreira.

23h30
Ânimos aquecem e Hugo Soares pede parecer sobre voto secreto

Os apoiantes de Montengro apresentaram um requerimento para que o voto fosse secreto. E os apoiantes de Rio, através de Mota Amaral, apresentaram outro a  pedir votação nominal e de braço no ar. A Mesa reuniu para decidir, mas não houve consenso. Os ânimos exaltaram-se na sala e, perante o impasse, Hugo Soares pediu oralmente que fosse o Conselho de Jurisdição a esclarecer a dúvida.

00h00
Morais Sarmento galvaniza reunião e grita-se ‘PSD, PSD’ em jeito de congresso

O vice-presidente do PSD transformou o Conselho Nacional numa espécie de comício, ao fazer um discurso que incluiu muitos gritos de ‘PSD, PSD, PSD’ e foi muito aplaudido pela plateia. Morais Sarmento criticou de forma muito violenta quem decidiu provocar uma crise a poucos meses de três atos eleitorais.  E invocou os estatutos, que dizem que os mandatos são de dois anos.

00h30
Antecipa-se batalha jurídica face a silêncio de Mota Pinto. Fala-se em ‘golpada’

A demora para decidir como será a votação causou confusão na sala. Do lado dos apoiantes de Montenegro, temia-se que o requerimento por voto secreto fosse chumbado. Por isso, pediram a intervenção do conselho de jurisdição nacional. Isto porque, no caso de ser votação nominal ou de braço no ar, os críticos de Rio temiam uma derrota maior. Nesta altura, o lado de Montenegro falava em ‘golpada’.

02h00
Líder do PSD aceita voto secreto, apesar de contrariado e é aplaudido

Perto das duas da manhã, é o próprio Rui Rio quem pede a palavra e, surpreendendo os presentes, faz um apelo para que seja voto secreto, apesar de discordar. O líder do PSD é muito aplaudido. Porém, o secretário-geral, José Silvano, deixa claro que a Mesa do Conselho Nacional é «soberana» e que é essa decisão que conta. «Não depende do presidente do partido», sublinhou aos jornalistas.

02h30
Conselho de Jurisdição sai em protesto furioso com Paulo Mota Pinto

O Conselho de Jurisdição acabou por decidir que será voto secreto. Contudo, Paulo Mota Pinto, presidente da Mesa, não aceitou a decisão. E pediu aos conselheiros que votassem, de braço no ar, como pretendiam que seja a votação. A confusão instalou-se e o Conselho de Jurisdição abandonou a reunião em protesto contra Mota Pinto. Os conselheiros votaram e acabaram por decidir pelo voto secreto.

03h15
Urnas encerradas e conselheiros dão vitória a Rio por 75 votos contra 50

No final, a moção de confiança a Rui Rio foi aprovada com 75 votos a favor, 50 contra e um nulo. O líder do PSD foi aplaudido e apelou à «paz». «Este resultado é importante. O que era preciso é que houvesse alguma paz no partido», disse. O social-democrata defendeu que o PS pode perder as eleições: «O que não é claro é que o PSD as possa ganhar. Espero que a partir de agora todos possamos remar no mesmo sentido».