António Costa já o tinha dito publicamente, mas esta semana voltou a manifestar a sua vontade em «renovar» a ‘geringonça’ depois das eleições legislativas de outubro, «independentemente dos resultados eleitorais». Num almoço-debate promovido pela Associação 25 de Abril e pela revista Ânimo, na quarta-feira, a atual solução governativa – que incluiu PS, Bloco, PCP e Os Verdes – recebeu rasgados elogiados não só do chefe do Executivo mas também da plateia, que chegou a ecoar o lema «Geringonça forever».
O presidente da Associação 25 de Abril, Vasco Lourenço, referiu que deseja que o PS vença as próximas eleições legislativas, mas não com maioria absoluta. O objetivo é permitir que a ‘geringonça’ se mantenha na próxima legislatura. E a ideia agradou a Costa. «Se o Vasco Lourenço conseguir reunir todas os eleitores do país e conseguir combinar com todos o resultado certo que lhe dá essa fórmula mágica, fico muito contente», sublinhou o primeiro-ministro.
Mas, perante uma sala pouco entusiasmada com uma maioria do PS, António Costa deixou um alerta: «O que não convém é, para evitar um resultado [a maioria absoluta], não ter um resultado que não desejamos [que o PS não vença]». Ou seja, é preciso garantir que a esquerda obtém novamente maioria. Para que isso aconteça, deve evitar-se dispersar votos, alertou António Costa.
Deixando o recado aos seus parceiros no governo, o líder dos socialistas afirmou que «o maior erro era, nesta pressa final de cada um começar a contabilizar ganhos e perdas do ponto de vista eleitoral, colocarmos em causa aquilo que foi um fator de enriquecimento da democracia e de esperança para muitos portugueses, ou por radicalismos precipitados ou por calculismo injustificado».
Para António Costa, é importante não errar agora no final da legislatura. Quanto ao resto, as provas estão dadas. «É que, independentemente dos próximos resultados eleitorais, esta solução demonstrou muitas virtualidades: permitiu a todos aprendermos, irmos mais longe do que julgávamos que podíamos ir, permitiu a todos uma visão mais integrada do que é a realidade do país e permitiu à nossa democracia ser mais rica do que era anteriormente», sustentou.
Costa chegou mesmo a atribuir a responsabilidade pela inexistência de «uma corrente populista como já apareceu noutros países da Europa» à solução governativa de que faz parte: «O que tem acontecido na Europa é que os sistemas não têm conseguido encontrar alternativas. Nós fomos capazes de encontrar uma solução».
A partir de agora, o importante é que consigam «manter e continuar a fortalecer» o «equilíbrio de mais crescimento, melhor emprego, maior igualdade e contas certas», defendeu.