Augusto Santos Silva afirmou esta quinta-feira que “não há nenhum golpe de Estado em curso na Venezuela”, reforçando que a Assembleia Nacional, da qual Juan Guaidó é presidente, é a única instituição “que tem essa legitimidade eleitoral intocável”.
O ministro dos Negócios Estrangeiros considera que a Assembleia Nacional "é, aliás, a única das instituições que resultaram de eleições que tem essa legitimidade eleitoral intocável, visto que a Assembleia Constituinte e, depois, a eleição presidencial de maio passado [que levou à recondução do contestado Presidente Nicolás Maduro] decorreram em condições que a comunidade internacional não pôde reconhecer”, reconhecendo que o órgão de soberania “foi eleita em eleições que ninguém contestou, nem interna, nem internacionalmente”.
Santos Silva propôs ainda “que se organizassem eleições livres, justas, transparentes, o mais depressa possível, para que seja o povo venezuelano, pela sua escolha, a desbloquear o atual impasse político” reforçando que "uma intransigência por parte do atual regime não contribui em nada para superar esse impasse”.
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A União Europeia já se pronunciou sobre a crise política na Venezuela e o ministro espera que na próxima reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros dos 28 países, agendada para dia 31 de janeiro, saia uma Europa unida."É muito importante manter, sempre que possível, a unidade da política externa da Europa, mas naturalmente, atendendo também aos interesses específicos de cada nação", afirmou.
No entanto, o ministro sabe que os vários países olham para a situação da Venezuela de forma diferente. "É natural que Portugal olhe para a Venezuela com uma atenção que, por exemplo, a Eslováquia não tem que ter, visto que há muitos portugueses a viver na Venezuela e a comunidade descendente de portugueses é da ordem das centenas de milhares", acrescentou Santos Silva.
O ministro afirmou que tem estado a par da situação, incluindo da comunidade portuguesa no país. Há "quatro estabelecimentos geridos por portugueses que foram vítimas de incidentes, mas felizmente sem nenhum problema do ponto de vista das pessoas" apelando aos portugueses que se mantenham “calmos e serenos como estão, mas com as medidas de cautela e de segurança que são apropriadas a estas circunstâncias".