Poucos minutos depois da autoproclamação de Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela, os Estados Unidos já estavam a reconhecê-lo como o legítimo representante político dos venezuelanos – uma rapidez que dá a entender que Washington sabia antecipadamente o que iria fazer o presidente da Assembleia Nacional.
Guaidó falou recentemente com o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, por telefone. A Casa Branca reconheceu em comunicado que Pence disse ao líder venezuelano que os EUA reconheciam “a sua valente liderança” e reiteravam o “apoio firme” de Washington à Assembleia Nacional “como única entidade democrática legítima na Venezuela”.
“Honrado por falar com Juan Guaidó, presidente da Assembleia da Venezuela – um homem corajoso que defende a liberdade e democracia”, escreveu o vice-presidente dos EUA no Twitter. Pence sublinhou enfaticamente a Guaidó “que desde há muito tempo, o objetivo dos EUA e de todas as nações amantes da liberdade é restaurar a democracia na Venezuela” e pôr fim “à crise humanitária e económica sem precedentes” – uma mensagem de incentivo à ação que não podia ser mais clara.
Nesse mesmo dia, Guaidó recebeu também um telefonema do deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro. O agora denominado presidente interino escreveu no Twitter, na ocasião, que na chamada recebeu o apoio do deputado e do governo brasileiro, que “lhe expressou” o apoio à “luta pela democracia”.
EUA e Brasil foram dos primeiros a apressar-se a reconhecer a legitimidade do líder da Assembleia Nacional como chefe de Estado interino, tal como o presidente da Argentina, que telefonou a Guaidó para o felicitar. “Quero expressar o meu apoio à decisão do presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Juan Guaidó, reconhecendo-o como presidente interino desse país”, escreveu Mauricio Macri no Twitter.
No princípio deste mês, Mike Pompeo, o secretário de Estado norte-americano, já tinha ido ao Brasil assistir à tomada de posse de Jair Bolsonaro e acertar posições com a diplomacia brasileira e com a peruana (que criou e coordena o Grupo de Lima), antes de visitar a Colômbia para acertar a pressão ao governo de Nicolás Maduro.
Ontem, o chefe da diplomacia dos EUA garantiu que Washington não irá aceitar o corte de relações diplomáticas decidido por Maduro – que deu, na quarta-feira, 72 horas a todos os diplomatas norte-americanos para abandonarem o país. “Os EUA não consideram que o antigo presidente Maduro tenha autoridade para cortar as relações diplomáticas”, disse Pompeo, sublinhando que as relações entre os dois países passam a ser feitas através de Guaidó. E deixou a ameaça: “Os EUA tomarão as medidas necessárias para responsabilizar quem puser em perigo a segurança e a proteção da nossa missão e dos seus funcionários”.