O Parlamento Europeu reconheceu oficialmente Juan Guaidó, líder da Assembleia Nacional, como presidente interino da Venezuela. O órgão legislativo europeu apelou ainda aos governos dos Estados-membros da União Europeia e instituições europeias que façam o mesmo até que novas eleições "livres" e "transparentes" se realizem.
"A Europa não pode ser equidistante no que diz respeito à defesa dos direitos humanos e da democracia. A Europa não é apenas um território, é também um ideal e uma aspiração. Toda a gente na Europa está a olhar para nós, e toda a Venezuela está a olhar-nos. Aqueles que hoje estão a protestar nas ruas da Venezuela não são europeus, mas lutam pelos mesmos valores que nós", disse o eurodeputado e vice-presidente do grupo parlamentar do Partido Popular Europeu, Esteban González Pons.
Guaidó já é reconhecido por mais de 60 Estados, entre os quais Estados Unidos, Brasil e Reino Unido, enquanto o presidente Nicolás Maduro conta com o apoio da Rússia, China, Irão, Síria e Turquia, entre outros.
O presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani, já tinha declarado na quarta-feira passada que Guaidó era o "único interlocutor" legítimo da Venezuela, poucas horas depois deste último se ter autoproclamado presidente interino numa manifestação de opositores a Maduro nas ruas de Caracas. "O presidente Juan Guaidó é o único interlocutor institucional na Venezuela, porque é aquele que tem legitimidade democrática", afirmou Tajani no Twitter.
O presidente do Parlamento Europeu anunciou de seguida a apresentação de uma resolução que reconhecia Guaidó para os eurodeputados debaterem e votarem. "O Parlamento Europeu reconhece o senhor Guaidó como presidente interino da República Bolivariana da Venezuela, segundo o artigo 233 da sua Constituição e expressa total apoio ao seu rumo", pode ler-se na resolução apresentada pelos eurodeputados do Partido Popular Europeu.
Ontem, abrindo o debate, Tajani revelou que teve a oportunidade de falar por telefone com Guaidó para lhe garantir o apoio do Parlamento Europeu. "Lamentavelmente, a situação piorou [na Venezuela] e chegou a um ponto de não retorno", disse Tajani num discurso em espanhol.