O bipartidarismo vigente há três décadas em El Salvador sofreu um golpe este domingo, com a eleição como presidente de Nayib Bukele, de 37 anos, antigo presidente da Câmara de San Salvador. Bukele concorreu com um programa focado na luta contra a corrupção que grassa no país centro-americano. El Salvador também é assolado por ondas de violência, que forçam muitos dos habitantes a fugir nas caravanas de migrantes que chegam aos Estados Unidos através da fronteira com o México.
Bukele consegui 54% dos votos, vencendo na primeira volta as presidenciais, mostrando a frustração profunda dos eleitores com o fracasso dos dois principais partidos em resolver os problemas causados pela violência e corrupção. "Este é um dia histórico para o nosso país. Hoje El Salvador destruíu o bipartidarismo" afirmou Bukele aos seus apoiantes, que celebraram dançando e agitando bandeiras.
O novo presidente de El Salvador descreve-se como sendo de esquerda, apesar de ter sido expulso da Frente de Libertação Nacional Farabundo Marti (FMLN), um partido criado como guerrilha socialista contra a antiga ditadura militar de El Salvador, apoiada pelos Estados Unidos. Apesar do posicionamento de Bukele, a coligação que liderou incluia um pequeno partido de direita, mostrando uma viragem em relação à tradicional esquerda da América Latina.
Bukele pretende também criar uma comissão internacional contra a corrupção, apoiada pela ONU, à imagem da criação de comitês semelhantes na Guatemala e Honduras, de onde são também originários muitos dos imigrantes que procuram uma vida melhor nos Estados Unidos.