O Ministério dos Negócios Estrangeiros adiantara no comunicado de segunda-feira, em que reconhecia Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela , que “o governo português mantém-se fortemente empenhado em contribuir para esta dinâmica construtiva, designadamente no quadro do recém–estabelecido Grupo de Contacto Internacional para a Venezuela”, o mesmo grupo de países que esta quinta-feira se reúne em Montevideu, capital do Uruguai, para tentar encontrar uma saída política para a crise venezuelana.
Portugal é um dos países presentes na reunião, que contará com a chefe da diplomacia da União Europeia, Federica Mogherini, e representantes diplomáticos da Alemanha, França, Espanha, Holanda, Itália, Reino Unido e Suécia, bem como da Bolívia, Costa Rica, Equador, México e do anfitrião Uruguai, que tem procurado manter uma posição de neutralidade na divisão interna da Venezuela.
Descobrir formas de aligeirar as atuais posições irredutíveis, promover o diálogo entre governo de Nicolás Maduro e a oposição liderada pelo presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, e arranjar maneira de prestar assistência humanitária ao povo da Venezuela são temas a discutir pelos presentes.
O governo uruguaio – que paralelamente com o executivo mexicano solicitou a convocatória da reunião – tem mostrado sempre disponibilidade para trabalhar com os membros da comunidade internacional que estejam empenhados em encontrar uma resolução diplomática para o impasse político na Venezuela, de modo a evitar prolongar uma situação de tensão que possa resultar num conflito que provoque banhos de sangue.
A reunião é a nível ministerial mas, por ter sido marcada em cima da hora, alguns dos países não estarão representados pelos seus chefes de diplomacia. Ao i, o Ministério dos Negócios Estrangeiros confirmou que o ministro Augusto Santos Silva estará presente em Montevideu, com os objetivos que já tem reiterado: criar condições para um processo político pacífico e permitir a realização de eleições livres, justas e transparentes.
Desde o anúncio da criação do grupo de contacto, de que Portugal foi um dos impulsionadores, o objetivo sempre foi criar um caminho pacífico para a realização de eleições na Venezuela. “O propósito do grupo internacional de contacto é claro: permitir que os venezuelanos se expressem livre e democraticamente através da realização de novas eleições”, afirmou Mogherini no anúncio da criação do grupo.
Quem não irá estar presente na reunião do Uruguai é o Chile, que resolveu retirar-se do processo de diálogo, como explicou esta terça-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros chileno, Roberto Ampuero. “O grupo de contacto aceita o diálogo, mas não o condiciona à realização de eleições e dá um prazo de 90 dias para abordar a crise na Venezuela”, disse o ministro em conferência de imprensa. Ampuero diz que, para o Chile, as eleições são condição sine qua non e o prazo é muito longo. “Três meses é demasiado tempo para o povo da Venezuela e para o que está a propor o presidente interino Juan Guaidó.”
A Rússia, um dos principais aliados do governo de Nicolás Maduro, tem uma perspetiva positiva sobre a iniciativa: “Penso que este grupo de contacto internacional tem hipótese de entrar para a História se envidar esforços para encorajar o diálogo entre o governo legítimo e a oposição”, afirmou o representante permanente da Rússia na UE, Vladimir Chizhov, citado pela agência TASS. “Há um certo nicho para esse tipo de assistência internacional”, acrescentou o diplomata russo, salientando que o presidente da Venezuela já se tinha disponibilizado para dialogar com a oposição.
A UE mostra-se aberta a que outros países participem no diálogo, embora Federica Mogherini tenha referido que Bruxelas pretende manter o tamanho do grupo “gerível e propício a resultados” – quanto mais membros, mais difícil será encontrar um consenso sobre o que fazer. O Vaticano, que antes liderou esforços de mediação, não participará diretamente, mas será mantido informado.