Milhares saíram às ruas haitianas para exigirem a demissão do presidente do Haiti, Jovenel Moise, acusando-o de crimes de corrupção. Os manifestantes acusam ainda as instituições do Estado de estarem contaminadas pela corrupção.
No quarto dia de protestos, pelo menos quatro pessoas já perderam a vida e outras dezenas ficaram feridas nos confrontos com as autoridades. No sábado, um jovem morreu e outro ficou gravemente ferido por tiros disparados pela polícia.
Encaminhados para o hospital por uma multidão, a polícia decidiu abrir fogo para o ar para a dispersar.
Os protestos extravasaram em muito a capital do país, Porto Príncipe, estendendo-se a muitas outras cidades. Nas ruas, os manifestantes construíram barricadas para impedir o avanço das autoridades e começaram a queimar pneus.
Jovenel tomou posse em 2017 e tentou dialogar com a oposição, mas esta recusou por não o encarar como genuíno ato de boa-fé. A oposição acusa o chefe de Estado e outros elementos do governo de terem desviado verbas provenientes da Venezuela para ajudar na reconstrução do Haiti, depois dos furacões e terramoto, em 2010, que devastaram o país.
Na semana passada, o Tribunal Superior de contas divulgou um relatório que analisou os desvios de fundos emprestados pela Venezuela ao país, concluindo que cerca de 15 ex-ministros e altos funcionários, entre os quais o presidente, desviaram verbas. Ao mesmo tempo, a economia haitiana tem sido alvo de uma inflação crescente – está hoje na ordem dos 15% -, diminuindo o poder de compra de quem vive e trabalha no país.
O Haiti é o país mais pobre nas Caraíbas, com 60% da sua população a viver abaixo dos dois dólares (1,76 euros) por dia.