Halal = Lícito

Os maiores adeptos do mercado financeiro islâmico são os que não têm nenhuma ligação ao mundo islâmico e/ou religioso

Halal significa lícito ou permitido, normalmente é um referencial no setor alimentar, que os muçulmanos podem ou não comer e beber segundo a lei Islâmica. Este critério específica como os alimentos podem ser consumidos e como devem ser preparados. As fontes para determinar se uma comida ou bebida são autorizadas no islão são o Alcorão, as tradições do profeta (hadith) e as opiniões legais dos juristas.

Algumas das interdições alimentares do islão coincidem com as da lei judaica.

No entanto,não se cinge ao setor alimentar, a economia islâmica está a crescer a um ritmo alucinante, as estatísticas do Relatório Global de Economia Islâmica de 2018/19 demonstram-no:

«Estima-se que os muçulmanos gastaram 2,1 trilhões de dólares no setor alimentar, e no setor têxtil (roupa) em 2017, e, a previsão é atingir 3 trilhões de dólares até 2023. Por categoria, no setor alimentar faz com que os muçulmanos consumam 1,3 trilhões, seguido pelo setor têxtil e da ‘moda’ 270 bilhões, tecnologia e afins, 209 bilhões, no setor do turismo e lazer de 177 bilhões, de produtos farmacêuticos, 87 bilhões, e para terminar de produtos cosméticos, 61 bilhões».

Hoje a marca halal=lícito, é sinónimo de qualidade, para o consumidor muçulmano, um símbolo Halal faz o consumo muçulmano aumentar exponencialmente.

Há hoje em dia, cada vez mais oportunidades no setor financeiro islâmico com vários países europeus como o Reino Unido, Alemanha, Suíça, que têm apostado neste setor Halal, e, o crescimento está a ser sustentável e com uma contínua falange de adeptos e consumidores.

Enganam-se aqueles que pensam que o Halal é somente para os que têm o credo islâmico, porque os maiores adeptos do mercado financeiro islâmico são os que não têm nenhuma ligação ao mundo islâmico e/ou religioso.

A religião muçulmana é a segunda religião que mais cresce no mundo, e os consumidores muçulmanos devem atingir 30% da população global até 2030.

Os consumidores muçulmanos procuram produtos que preencham os seus requisitos religiosos, e, cumpram escrupulosamente os preceitos islâmicos: do processo de produção halal ao consumo propriamente dito.

É possível encontrar pessoas que estão no mercado Halal em todo o mundo, seja um empresário no Dubai, no Sri Lanka ou nos EUA.

Um dos casos que queria partilhar com todos os leitores do jornal, é de uma empresa americana não muçulmana, uma das marcas mais famosas a nível mundial, a Nike.

A Nike ‘Pro-Hijab’ (o lenço Dry-Fit) foi escolhido, como uma das principais invenções de 2017 pela revista Time. O Nike Pro Hijab teve um impacto muito forte na vida das mulheres desportistas, que seguem a fé islâmica.

Há vários outros exemplos, mas é preciso arriscar, sair da zona de conforto, é preciso conhecer melhor este mundo Halal, e, este é um universo literalmente desconhecido em Portugal, e, logo mal explorado.

As nossas empresas não têm muito mercado Halal, algumas apenas sabem que existe, mas não sabem nem fazem ideia da dimensão do Halal no mundo.

De facto, é frequentemente o entusiasmo incondicional dos proponentes, da intervenção controlada que perturba e alarma aqueles que já sentem inquietações das novas possibilidades ou dos novos desafios.

A sensibilidade religiosa, o sentido do caráter do sagrado, deve ser posto de parte, quando estamos perante um ‘mundo’ com números estratosféricos.