O governo do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, sofreu a primeira baixa antes de cumprir dois meses de mandato. O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, foi afastado do cargo depois de se ver envolvido num esquema de candidaturas eleitorais fictícias para desviar financiamento público – as chamadas “candidaturas laranja”.
Bebianno foi diretor de campanha de Bolsonaro e responsável formal pelo financiamento público de todos os candidatos do Partido Social Liberal, que apoiou o agora presidente. Não é o único membro do governo a implicado, o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, está a ser investigado pelo Ministério Público de Minas Gerais pelo esquema de mulheres candidatas de fachada – para mostrar que não só de homens se faziam as listas. “Nós, mulheres, iríamos lavar o dinheiro para eles [Bebianno e PSL]. Esse era o esquema. O dinheiro viria para mim e retornaria para eles”, denunciou a candidata Cleuzenir Barbosa em entrevista à “Folha de São Paulo”.
Confrontado com a denúncia, Bebbiano garantiu estar disponível para deixar o cargo, mas apenas se o presidente lho pedisse. Bolsonaro assim o fez, pedindo a abertura de uma investigação judicial e substituindo Bebianno pelo general Floriano Peixoto. O ministro do Turismo ainda se mantinha ontem em funções.
Com a vitória eleitoral de Bolsonaro, Bebianno foi promovido a ministro no governo do capitão na reserva, mantendo uma relação próxima com o presidente. Era um dos poucos civis que rodeavam o chefe de Estado no trabalho do dia-a-dia.
Além do simbolismo da demissão num executivo recente, este é também um rombo na imagem do chefe de Estado. Na campanha eleitoral, Bolsonaro prometeu combater a corrupção no Brasil e até nomeou o juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, para ministro da Justiça e Segurança Pública como demonstração do seu empenho nesse combate.