A investigação sobre a venda do Pavilhão Atlântico a Luís Montez, genro de Cavaco Silva, e o papel de Assunção Cristas enquanto ministra neste processo, serviu de argumento para atacar a moção de censura do CDS contra o governo, em debate esta quarta-feira, no Parlamento. Primeiro foi o deputado do PS Ascenso Simões a defender que não encontrava razões suficientes para o CDS apresentar a moção, lembrando que talvez fosse para "esconder um fantasma". A alusão era uma indireta à notícia, avançada pela TVI, sobre o caso.
Mais tarde foi a própria líder do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, a falar do processo de uma forma mais clara. A dirigente admitiu que a moção de censura não passava de uma "cortina de fumo", apresentada "escassas horas depois do anúncio da investigação", talvez mesmo "um biombo grande suficiente para tapar o Pavilhão Atlântico".
João Oliveira, líder parlamentar do PCP nada disse sobre o assunto, limitando-se a dizer que os comunistas "não se intrometem numa disputa do CDS", alundindo a uma guerra à direita. Heloísa Apolónia, do PEV, acrescentou que a moção não passa de "um xeque ao Rio", numa referência direta ao líder do PSD, Rui Rio.
Tanto o PCP como o Bloco levaram ao debate o seu caderno de encargos ao governo. O PCP desafiou o executivo a definir com quem quer negociar as alterações ao código laboral. Catarina Martins, do BE, terminou a sua intervenção a pedir mais avanços na atual legislatura. "Ainda há tempo. Resta saber se o Governo vai encostar-se à direita ou se vai aproveitar os meses que ainda temos para os avanços que faltam. Deixe a direita perdida nos seus jogos. O Bloco não faltará", afirmou Catarina Martins.