António Costa. Uma cataplana de peixe para o programa da Cristina

Primeiro-ministro pouco falou de política, mas afastou responsabilidades do Estado na mais recente polémica sobre os donativos em Pedrógão Grande.

O primeiro-ministro aceitou o convite para participar no “programa da Cristina”, um espaço de entretenimento da SIC, da apresentadora Cristina Ferreira, e preparou esta terça-feira uma cataplana de peixe, em direto, com os ingredientes previamente separados pela mulher, Fernanda Tadeu. Que também esteve no programa com o marido.

Numa conversa informal, sem espaço para falar de grandes temas políticos, Fernanda Tadeu confessou que já conhecia o atual primeiro-ministro  nos tempos de liceu e que se casaram no registo civil com uma refeição de hamburguéres há 32 anos.  Quando o conheceu, Costa “tinha imensas namoradas”, assegurou a mulher.

 Cristina Ferreira quis saber quem cozinha lá em casa, e Fernanda Tadeu reconheceu que o também líder do PS o faz melhor. “Essa coisa de as mulheres cozinharem todos os dias tem os dias contados e ele cozinha muito melhor que eu”, afirmou a também professora. 

Entre o sofá e a cozinha montada para o programa, o primeiro-ministro explicou que faz um bom lombo Wellington ou mesmo uma moqueca de camarão, numa família em que não existem rotinas normais. A conversa fluiu sempre no registo de que são, apesar de tudo, “uma família normal” e até usam o autocarro ( pelo menos uma vez foram filmados na carreira 746 da Carris). As explicações foram sendo dadas enquanto Costa descascava batatas, tomates, e cortavas cebolas para a cataplana num programa que contou ainda com a presença do filho, Pedro, da nora, Sara, e da filha mais nova Catarina.

Mas, se a política ficou quase sempre à porta da manhã televisiva de entretenimento, Costa acabou por ser confrontado com as tragédias dos incêndios de 2017 e o caso de Pedrógão Grande. Sobre a mais recente polémica, noticiada pela TVI, sobre donativos escondidos em armazéns, o primeiro -ministro preferiu realçar que as ajudas do Estado foram todas auditadas. 

“ O que tem acontecido é com entidades que não são do Estado, ou são privados ou municípios, que não têm os mesmos mecanismos de controle”, disse.

Cristina Ferreira também não quis deixar escapar a contestação de professores ou enfermeiro e até sublinhou que Fernanda Tadeu é professora. “Conhece alguém que não se queixe?”, perguntou Costa para arumar o assunto.

O primeiro-ministro ainda abordou a sua infância, o facto de ter os pais divorciados, e das reguadas que levou, sobretudo, pelo seu sorriso. “Há um sorriso que eu tenho que é muito irritante e que nunca consegui corrigir, e os professores pensavam que era a gozar com eles.”, desabafou Costa enquanto ligava o lume para a cataplana.

Nas redes sociais, o debate sobre a ida do primeiro-ministro ao programa entrou num registo de avaliação de quem é melhor cozinheiro: Assunção Cristas, líder do CDS, que fez um arroz de atum ou a cataplana do primeiro-ministro. “Uma coisa é certa, António Costa parece ser melhor cozinheiro do que Assunção Cristas”, escreveu o deputado do PSD  Duarte Marques no twitter.

No “Programa da Cristina” já estiveram também o antigo líder do PSD, Luís Marques Mendes, e a eurodeputada do Bloco de Esquerda, Marisa Matias. A primeira política a estrear-se no programa, a cozinhar, foi a presidente do CDS, Assunção Cristas. Mas a apresentadora também teve direito a uma chamada do Presidente da República a desejar-lhe felicidades na estreia do programa.  O i tentou saber se os líderes do PSD e do Bloco de Esquerda receberam algum convite para participar no programa, mas sem êxito. O PCP assegurou ao i que não teve nenhum convite.