O Comité Eleitoral Central de Israel proibiu, esta quinta-feira, a coligação Balad/Árabes Unidos, tal como o candidato de esquerda Ofer Cassif, de concorrer às eleições legislativas, marcadas para 9 de abril. Previa-se que a coligação de partidos árabes israelitas conseguisse à volta de cinco dos 120 deputados do parlamento. Os membros da comissão consideraram que os partidos árabes negavam o direito de Israel ser um Estado judaico e apoiavam o terrorismo. Já a proibição de Cassif terá sido baseada numa entrevista em que este se declarou contra a violência e apoiou o estabelecimento de um Estado igualitário em Israel.
Esta proibição terá de ser aprovada pelo Supremo Tribunal, que provavelmente revogará a decisão. Apesar disso, políticos árabes temem que possa haver um aumento na já elevada taxa de abstenção dos dois milhões de árabes israelitas, que são cerca de 20% da população.
Trata-se de uma minoria marginalizada, cuja segregação se tornou ainda mais evidente o ano passado, com a transformação em lei da declaração de independência, à exceção das cláusulas que garantiam igualdade de direitos a não judeus.
A decisão da comissão eleitoral, maioritariamente de direita, vai contra a recomendação do procurador-geral, Avichai Mandelblit, que recomendou que fosse permitido aos partidos árabes concorrer, pedindo antes a proibição do partido supremacista judeu Otzma Yehudit (Poder Judaico).
O partido Poder Judaico é um seguidor ideológico do rabi Meir Kahane, cujo partido original foi banido nos EUA e em Israel enquanto organização terrorista. Propunha, entre outras coisas, a proibição do casamento entre árabes e judeus e a completa expulsão dos palestinianos das suas terras.
No entanto, o Poder Judaico poderá concorrer à eleições, estando até numa coligação com o primeiro-ministro, Benjamim Netanyahu, que enfrenta uma investigação de corrupção que pode custar-lhe a reeleição.
Netanyahu enfrenta uma coligação de centro-direita, liderada pelo jornalista Yair Lapid e pelo antigo chefe das forças armadas Benny Gantz, que entrou na política no mês passado. A coligação ganhou rapidamente destaque pelo grande peso das credenciais militares de Gantz entre a sociedade israelita.