O governo e a oposição venezuelana demonstraram, este sábado, a sua força nas ruas. Milhares de pessoas responderam aos apelos tanto do autoproclamado presidente da Venezuela, Juan Guaidó, tal como o do presidente Nicolás Maduro. Também as unidades antimotim da Polícia Nacional Bolivariana foram chamadas a agir e acabaram por utilizar gás pimenta e gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes da oposição, que convergiram na principal avenida de Caracas.
Guaidó discursou perante a multidão de apoiantes em cima de um carro, depois de a polícia ter desmantelado o palco que tinha sido montado para o seu discurso. O líder da oposição pediu à população que “conquistasse as ruas de maneira pacífica”, mas reconheceu que os avanços não seriam rápidos. “Temos de nos preparar para tempos muito difíceis”, referiu. No entanto, o autoproclamado presidente não conseguiu fomentar deserções nas forças armadas venezuelanas como desejava, já que estas continuam a manter o seu apoio ao governo de Maduro.
No entanto, a mobilização contra o governo acabou por ser reforçada face ao descontentamento com o apagão que deixou a maior parte do país sem eletricidade e sem comunicações, na sexta-feira. Ainda assim, continuam a existir falhas intermitentes. O Executivo já reconheceu que só conseguirá restabelecer a rede elétrica nos próximos dias. Maduro justificou as falhas na rede com atos de “sabotagem”, falando de uma “guerra elétrica” organizada pelos Estados Unidos através da oposição. Já Guaidó garantiu que “tem vindo a alertar para a crise elétrica há anos”, e esta junta-se “à crise de acesso a água que já temos”.
Carlos Paparoni, um dos líderes da oposição, pediu o apoio dos polícias que bloqueavam a passagem de manifestantes, gritando que os agentes “também têm estado sem eletricidade”, e que nas suas casas a comida “também tem estado a apodrecer no frigorífico”.
Apesar da situação económica venezuelana, agravada pelas sanções norte-americanas, milhares de apoiantes do governo saíram também à rua, numa mobilização que Maduro apelidou de celebração do “dia contra o imperialismo yankee [norte-americano]”. O presidente dirigiu-se à população da varanda do palácio de Miraflores, tendo agradecido particularmente aos militares pelo seu apoio. “Eles [oposição] convidaram as forças armadas a levar a cabo um golpe militar e a sua resposta foi clara – eles derrotaram os golpistas”.