Depois de ter passado por e Moçambique e Malawi, o ciclone Idai deixou mais um rasto de vítimas no Zimbabué. As autoridades contabilizaram até ao momento pelo menos 65 mortos, entre os quais vários alunos de duas escolas, enquanto entre 150 a 200 pessoas se encontram desaparecidas, segundo o deputado zimbabueano Joshua Sacco. Espera-se que o número de mortes suba nos próximos dias e, no total, mais de 1,5 milhões de pessoas foram afetadas, de acordo com as Nações Unidas.
A tempestade tropical foi responsável pelo corte de energia e comunicações na província de Manicaland, na fronteira com Moçambique. Foi nesta província que se registaram o maior número de mortos. As autoridades zimbabueanas declararam o estado de emergência na sequência de várias casas e pontes terem colapsado com a força da tempestade e das cheias.
A devastação foi tão grande que nem os mais próximos da classe governante lhe escaparam. A mulher do deputado Enock Porsingazi viu-se obrigada a subir a uma árvore para evitar ser arrastada pelas cheias. “Vou voltar para o meu círculo eleitoral, a minha mulher sobreviveu ao ciclone depois de ter subido uma árvore. A minha casa também ficou danificada e era onde a minha mulher estava no momento”, explicou Porsingazi ao zimbabueano “Standard Newspaper”.
“O governo destacou tanto o exército como a força área para o terreno. Ambulâncias privadas, ambulâncias locais e ambulâncias do governo e todos os serviços de emergência estão a agir de forma coordenada”, disse o porta-voz do Ministério da Informação zimbabueano, Nick Mangwana. “O desafio é que várias pontes foram levadas e os rios inundaram e é muito difícil aceder à área mais fortemente atingida, que é o Chimanimani Esta”, acrescentou. Foi nessa zona que os estudantes das duas escolas perderam a vida.
Entretanto, quem perdeu as suas casas está a ser deslocado para alojamentos temporários e distribuições de comida estão a ser organizadas, com a Cruz Vermelha a atuar no terreno em coordenação com as autoridades.
Moçambique atingido
Com ventos na ordem dos 170 hm/h, o ciclone Idai atingiu a cidade moçambicana da Beira na quinta-feira, seguindo depois para oeste, onde entrou no Malawi e Zimbabué. A subida das águas dos rios e a força do vento levou a afogamentos e à queda de casas precárias, causando a morte a pelo menos 48 pessoas, segundo o jornal moçambicano “Jornal Domingo”. Há ainda seis pessoas desaparecidas, levadas pela força das águas enquanto tentavam atravessar o rio Haluma, no distrito de Nhamatanda, Sofala, a província de Beira. A subida do nível do rio isolou a cidade costeira.
“A minha casa desabou por causa do ciclone”, disse Anastácia Alficha à agência Lusa, explicando de seguida que está abrigada, com os seus três filhos menores, na casa de uma vizinha.
Além disso, as falhas de energia e comunicações mantêm-se, assumindo-se como obstáculos à ação dos serviços de emergência na zona, que tentam dar resposta às 600 mil pessoas afetadas, segundo cálculos das Nações Unidas.
As consequências do ciclone far-se-ão sentir no país nos próximos meses. Muitas pessoas terão perdido as suas fontes de rendimento e alimentação, com os campos inundados a terem destruído as plantações. As autoridades moçambicanas já começaram a organizar distribuições de alimentos no curto prazo, esperando-se por medidas para evitar as consequências de médio prazo.