Pedro Nuno Santos justifica nomeação polémica da mulher com história de amor

“A Catarina, que é a minha mulher e a mãe do meu filho Sebastião é, também, a Catarina Gamboa: excelente profissional, pessoa de enorme competência e confiança”, escreveu o governante no Facebook

O ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, e a sua mulher Catarina Gamboa, agora chefe de gabinete do secretário de estado Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro, são apenas os protagonistas mais recentes da polémica sobre o governo de António Costa, acusado de ser uma 'grande família'.

A nomeação oficial de Catarina Gamboa como chefe de gabinete, do amigo do marido, Duarte Cordeiro, e com quem já trabalhava quando era vice-presidente da Câmara de Lisboa, foi publicada na sexta-feira passada. Não demorou muito até a polémica estalar.

De tal forma que o ministro sentiu necessidade de explicar a nomeação da mulher no Facebook. “A Catarina não merece ser menorizada no seu percurso profissional – que nada deve a mim – apenas por ser minha mulher”, escreveu Pedro Nuno Santos, acrescentando: “A Catarina, que é a minha mulher e a mãe do meu filho Sebastião é, também a Catarina Gamboa: excelente profissional, pessoa de enorme competência e confiança – e hoje chefe do gabinete de Duarte Cordeiro”.

Num longo texto de reação ao novo cargo de Catarina Gamboa, o ministro relatou a história de amor com a sua mulher e sua amizade com Duarte Cordeiro.

“Conhecemo-nos há cerca de dezasseis anos, através do meu amigo e companheiro de muitas lutas políticas, Duarte Cordeiro. Alguém com quem desde muito cedo defini um percurso político lado a lado. Ele ia disputar a concelhia da JS de Lisboa e eu a Federação de Aveiro”, recordou o governante, sublinhando que ambos ganharam e que começaram assim o caminho para a conquista da JS Nacional.

Aliás foi nesse percurso que o agora ministro conheceu “uma jovem militante da equipa concelhia do Duarte. Uma mulher bonita, divertida e com muita graça, inteligente, desafiadora e, sobretudo, competente. Ela era inquieta, rebelde, sempre pronta a desafiar e a questionar as minhas decisões. Mas apesar de chocarmos muito, gostava da personalidade dela e do seu instinto político. Era uma pessoa assim que precisávamos na nossa equipa e foi por isso que ela fez parte do meu primeiro Secretariado Nacional da JS”.

“Pouco depois de chegar a vereador da Câmara Municipal de Lisboa”, continuou Pedro Nuno Santos, “o Duarte convida a Catarina para ir trabalhar com ele. Eu não tive qualquer influência na sua decisão; eu e a Catarina não estávamos sequer juntos nessa altura. Foram as suas competências e a relação de confiança entre ela e o Duarte que o levaram a essa escolha. Na minha opinião fez muito bem”.

E foi nessa altura que se reencontrou com Catarina Gamboa. “Desta vez, comigo mais maduro, e com a Catarina igualmente gira, divertida e inteligente, acabámos apaixonados um pelo outro”, explicou o governante.

Para Pedro Nuno Santos, o relato da sua história de amor com a mulher é a sua forma de responder “com verdade, às dúvidas e perplexidades que possam surgir” sobre a nomeação de Catarina Gamboa, pois o ministro acredita que o “povo tem o direito de questionar e de querer garantir que os cargos de poder político não são usados para que alguns se sirvam a si e às suas famílias”.

E termina o post, sublinhando que podia dizer que se trata de uma história “tão banal como a de qualquer outro casal”, mas reconhece que o grau de escrutínio, devido às funções que ocupam, não permite essa banalidade.

“É por compreender essa necessidade de transparência que também gostaria que compreendessem que não posso abdicar da defesa de um princípio que considero muito importante: o de que ninguém deve ocupar uma função profissional por favor, como ninguém deve ser prejudicado na sua vida profissional por causa do marido, da mulher, da mãe ou do pai. A Catarina, que é a minha mulher e a mãe do meu filho Sebastião é, também, a Catarina Gamboa: excelente profissional, pessoa de enorme competência e confiança”, concluiu.

Mas o caso de Pedro Nuno Santos e Catarina Gamboa é só mais um a somar-se a outras ligações familiares presentes nos titulares de governo e do seu staff. Veja-se o exemplo de Vieira da Silva, ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, cuja filha, Mariana Vieira da Silva, que é ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, ou a ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, que é casada com Eduardo Cabrita, titular da pasta da Administração Interna. E há ainda outros exemplos, se atentarmos aos secretários de Estado, deputados, ex-governantes e assessores.