A hipótese de Pedro Marques poder vir a ser o nome indicado por Portugal para um lugar de comissário europeu surgiu há um mês, quando se discutiam as listas do PS para as eleições europeias de 26 de maio. Entre os socialistas, o cenário tem sido apontado mesmo como um dos argumentos para o líder da distrital do PS/Porto, Manuel Pizarro, ter aceitado o nono lugar, uma posição que o coloca na zona cinzenta, a avaliar pelos resultados de 2014. Ou seja, havendo a hipótese de não ser eleito, se Pedro Marques alcançar o cargo, Pizarro rumará para Bruxelas, em qualquer dos cenários.
Ora, no PS ninguém assume tal ambição, porque é extemporânea sem se saberem resultados e o desenho final da força de cada famílias política europeia.
A candidatura de Pedro Marques faz a fuga para frente e prefere esclarecer que o que está em causa são as Europeias de 26 de maio e que a indicação do próximo comissário europeu é da competência do Governo, ou seja, de António Costa. «Esta é uma eleição para o Parlamento Europeu. A escolha do Comissário Europeu português será feita por indicação do Governo. Quanto mais força tiver o PS nesta eleição melhor será o pelouro atribuído a Portugal, no contexto da negociação a realizar na família política. Nesta eleição há uma escolha direta para a comissão europeia, que resulta da proposta do candidato a presidente da comissão. Do lado do PSE [Frans Timmermans], um lutador pela Democracia e direitos fundamentais. Do lado do PPE [ Manfred Weber], apoiado por PSD e CDS, o autor do pedido de sanções a Portugal», afirmou ao SOL fonte da candidatura.
Em fevereiro, numa entrevista ao Público e à Rádio Renascença, Pedro Marques já tinha sido confrontado com tal hipótese. Na altura, respondeu também de forma mais ou menos evasiva: «Eu não queria de maneira nenhuma apoucar estas eleições, ou retirar-lhes centralidade, ao responder a essa pergunta». Mas, acrescentou que tinha a «profunda convicção que Portugal estará certamente muito bem representado no papel que terá na futura Comissão Europeia», graças ao prestígio alcançado, a nível europeu, por António Costa.