‘Só se deixa enganar quem quer’, diz Cavaco

O ex-Presidente entrou na pré-campanha e arrasou as políticas do Governo. Não ficou sem resposta. António Costa acusa-o de ‘exprimir raiva’ e Jerónimo chamou-lhe ‘rancoroso’.

Cavaco Silva contestou desde o primeiro dia a geringonça e não hesitou, esta semana, em envolver-se na pré- campanha eleitoral com duras críticas ao governo socialista. O ex-Presidente da República aproveitou o lançamento do livro de Joaquim Miranda Sarmento sobre a  reforma das finanças públicas para defender que a geringonça está longe de ser o sucesso propagado  por António Costa «Só se deixa enganar quem quer ser enganado».

O evento, organizada pelo Instituto Francisco Sá Carneiro, reuniu em Lisboa, várias figuras de topo do PSD. Rui Rio, presidente do partido, os ex-ministros das Finanças Maria Luís Albuquerque e Eduardo Catroga e os antigos ministros da Saúde Leonor Beleza e Paulo Macedo assistiram ao lançamento do livro do porta-voz do Conselho Estratégico Nacional do PSD. 

Foi, porém, a intervenção de Cavaco Silva que marcou a iniciativa. O ex-Presidente da República disparou contra a degradação dos serviços públicos e responsabilizou as «decisões políticas erradas» do governo socialista.  «Não posso deixar de ligar a perda de receita com a descida do IVA da restauração com a acentuada degradação da qualidade do Serviço Nacional de Saúde. A esta profunda injustiça está associada uma outra opção do governo errada: a reversão do horário de trabalho semanal da Função Pública de 40 para 35 horas».

O PCP e o Bloco de Esquerda não escaparam às críticas do ex-Presidente da República, porque alinharam com políticas que prejudicam «sobretudo cidadãos de baixos rendimentos». Para Cavaco Silva, a atitude da esquerda «ilustra bem a hipocrisia de partidos que procuram iludir os portugueses com falsos discursos de defesa dos mais desfavorecidos».

Costa e Jerónimo de Sousa respondem a  Cavaco 

A resposta a estas críticas surgiu no dia a seguir. António Costa, no debate quinzenal, na Assembleia da República, acusou a direita de estar furiosa com o sucesso da geringonça. «Tão furiosa que até o anterior Presidente da República saiu do recato próprio a que os ex-presidentes da República se costumam dedicar, só para  exprimir a raiva que tem, que a direita tem, relativamente ao sucesso desta solução governativa». Pelo caminho, o primeiro-ministro acusou o PSD de ter nunca ter apoiado o Serviço Nacional de Saúde.

Jerónimo de Sousa também não ignorou os ataques de Cavaco Silva e saiu em defesa da geringonça. «Foi gritante a declaração de Cavaco Silva quando diabolizou a redução do IVA da restauração, culpando-a dos males do Serviço Nacional de Saúde. É preciso ser muito rancoroso para voltar à carga com uma questão tão importante», disse o secretário-geral do PCP.