As forças armadas da Venezuela foram colocadas em alerta máximo pelo Presidente venezuelano, Nicolás Maduro. O sucessor de Hugo Chávez acusou a oposição de tecer planos para o assassinar: «Conheço os seus planos criminosos, daqueles que lideram a oposição, os seus planos para me matarem». «Esta não é uma guerra convencional, com tanques, bombas; é outra guerra, é contra os serviços públicos para tornar um país ingovernável e, através, do caos, chegar-se ao poder», explicou Maduro, acusando Guaidó e os EUA de prepararem um golpe de Estado. A rede elétrica nacional já foi vítima de três apagões, mergulhando o país no caos – mais de 20 pessoas já perderam a vida por falta de tratamento médico.
Os receios de Maduro ser alvo de um novo atentado levaram a Rússia a enviar mercenários para reforçar a segurança do chefe de Estado. Maduro escapou ileso a uma tentativa de assassínio com veículos aéreos não tripulados numa parada militar em Caracas, em agosto do ano passado. O SEBIN, as secretas venezuelanas, detiveram seis pessoas e o chefe de Estado acusou a oposição de o tentar assassinar.
A Assembleia Nacional Constituinte retirou esta semana a imunidade parlamentar ao autoproclamado Presidente do país, Juan Guaidó, no âmbito da investigação à usurpação de cargo públicos. O regime justificou a decisão com a violação de Guaidó a uma ordem do Supremo Tribunal para não sair do país – Guaidó entrou na Colômbia no dia da entrada da ajuda humanitária.
A retirada da imunidade a Guaidó desencadeou, mais uma vez, um choque de competências entre a Assembleia Nacional, eleita em 2015 e controlada pela oposição, e a Assembleia Nacional Constituinte, eleita em 2017 e controlada por partidários de Maduro – a oposição recusou-se a participar na sua eleição. Para Guaidó, apenas a Assembleia Nacional poderia deliberar a retirada da imunidade, enquanto para o Governo essa competência cabe à Assembleia Nacional Constituinte por, em 2017, o Supremo Tribunal venezuelano ter retirado à primeira os poderes legislativos, assumindo a segunda como o legítimo parlamento.
Como a União Europeia não reconhece a Assembleia Nacional Constituinte, acusou o regime de Maduro de «séria violação da Constituição, tal como do Estado de Direito e da separação de poderes». E, continuou, o processo ameaça prejudicar uma «saída política para a crise» e temer que resulte na «polarização e escalada de tensão no país»– tanto Maduro como Guaidó recusaram encetar qualquer diálogo para evitar o escalar da tensão política.
Washington já tem planos
Em reação à perda de imunidade, Guaidó limitou-se a qualificar qualquer detenção sua como «rapto» e que «apenas serviria para catalisar a pressão local e internacional». Pressão que, independentemente da situação de Guaidó, se faz sentir há anos no país, seja com sanções, seja através da queda do preço do petróleo, a principal fonte de receita do regime. Entretanto, segundo Larry Kudlow, assessor económico de Donald Trump, Washington já começou a delinear um plano económico para quando Maduro deixar de estar à frente dos destinos da Venezuela. O plano está a ser preparado entre Washington e o Fundo Monetário Internacional e terá como principal medida a injeção de capital na economia venezuelana. «Há bancos, iPhones, apps e muitas outras formas de colocar dinheiro lá», disse Kudlow, referindo alguns dos instrumentos usados para fazer entrar o dinheiro no país. O dinheiro será em dólares, pelo menos inicialmente.
Entretanto, o Congresso norte-americano pondera enviar 200 milhões de dólares em ajuda humanitária, no que poderá significar mais um choque entre Maduro e a oposição. Recorde-se que a primeira tentativa de entrada de ajuda humanitária no país pela oposição resultou num fracasso, com camiões a serem incendiados por elementos da oposição numa tentativa de responsabilizar o Governo venezuelano.